sábado, 30 de março de 2013

MATUTO NO CINEMA

UMA HISTÓRIA MUITO BOA PRA CONTAR...
 
E o matuto, rapaz...
Anafalbeto de pai e mãe... e parteira
E sai do sertão pra capital pra assistir um filme estrangeiro legendado quando ele volta pro sertão,
mas ele num conta o filme todinho?"má rapaieu fui lá na capitá rapai eu assisti um filme altamente internacioná pense num filme internacioná!e tem uma coisa: um filme mafioso...um fime mafioso...
Ói tinha dois atista: tinha o atista que sofria e o atista que salvava.
Meu cumpadi o atista que sufria: pense num cabra corajoso!
Rapai, o caba num tinha medo de nada não rapai! Rapaz, os bandido!
os bandido pirigoso que só buchada azeda! invocado que só um fiscal de gafiera
sério que nem um porco mijano! tinha o dedo da grussura de um cabo de foimão!
amarraro o atista com imbira! e tem uma coisa: imbira dos Estado Zunido,
num tem quem se solte não rapaiz! Amarraro o atista com imbira,
butaro o caba sentado a força numa cadera ai chego o bandido, buto o dedo na cara do atista e
disse: num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá.
Tá pensano que atista teve medo rapaiz? O atista amarrado com imbira rapai, teve que ouvi
tudinho, mas muito do tranquili, olhô pa cara do bandido assim e disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá o quê mermão??? mas rapaiz...esse bandido inchô feito um cururu no sal, num sabe? isfregô o dedo na cara dele assim e disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, seu fila da p..!!!
Tu tá pensano que o atista teve medo? oxe, amarrado com imbira, do jeito que tava,
ficô muito do tranquili, olhô assim pro vbandido e disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá o carai!!!
Mas meu cumpadi, esse bandido pegô um ar, pense numa pegada de ar!
MAs raái, foi uma pegada de ar tão mudida do poico! ai puxô uma chibata feita de virola de pneu de
caminhão, num sabe, mais cumprida de que uma língua de manicure, deu-lhe uma chibatada tão aparetada a um coice de besta parida, que ficô iscrito assim da taba dos quexo pa porta da orelha do individuo:FIRESTONE eu sei que nessa hora, no mei dos bandido, tinha um que era do time do atista, rapai do time da gente, num sabe? e ele tava camuflado feito rapariga de pastô: num tinha quem desconfiasse, rapaiz! camuflado la por dento, e ele tinha um relógio, puxado pa telefone, ai ele foi prum pé de parede cum relógio dele aí passô o bizu pa puliça que tava lá em baixo ele pégô o relógio e disse: num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, contô tudinho à puliça a puliça lá em baxo nos carro uvindo tudo pelos radio e a puliça dos estado zunido, num se veste de puliça não! se veste de adevogado! Aí a puliça dento dos carro só fez pegá o rádio e chamá os carro tudim dos estado zunido rapaiz: acunhe, acunhe, acunhe, acunhe, todos os carro acunhe, que o negocio é serio, acunhe, acunhe, acunhe, acunhe,aí os carro acunharo,os carro acunharo, acunharo aí era mais carro em cima do prédio, de quê romero em cima de Pade Ciço o prédio, rapai era um prédio grande, tinha uns 2 ou 3 andá, ou era um colégio de frera, ou era uma prefeitura eu sei que num tinha quem entrasse:
um prédio todo de vrido, infeitado feito pintiadera de rapariga, num sabe? aí a puliça tome corda, tome corda, tome corda, tome corda, quando a gente pensava que era a puliça que ia subi por fora do prédio pra salvá o atista, aí veio o momento mais arrepiadô do filme, rapaiz! foi quando chegô o atista principal, o atista salvadô! e ele vêi num avião daquele, daquele avião que tem uma penera em cima, num sabe? aí o avião vei e o avião num vuava não: era parado, viu! o avião ficô parado em cima da prefeitura, pela capota de vrido a gente já via o atista, rapaiz o atista forte com os peitão, 2 cinturão de bala, uma ispingarda da grussura dum cano de esgoto, rapai, aí o atista fico assim na porta do avião Ó o nome do atista: Arnô Saijinegue! agora, num é esses arnô saijinegue do sertão,  é Arnô Saijinegue importado, ou é da Chequilováquia, ou é da Bolívia, tá entendendo?
Eu sei que o Arnô Saijinegue ficô na porta do avião aí o chofer do avião olhô pra ele e disse:
acunhe! Pode pulá! ai ele pulô la de cima, pulô la de cima, bateu no telhado, furô a laje,
bateu mermo no jugá onde o atista tava preso com o sbandido, pego os bandido tudo desprevinido, comendo cuzcuz com leite, rapaiz, eu sei que nessa hora, o atista pegô a ispingarda disse:
num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá, num sei que lá,
ói ele matô tudinho! aí apariceu mais bandido, e foi briga de sê midida a metro!! ele deu um tabefe no cor da orelha dum caba lá chamado Mané Capado, que ele borbuletô uns 2 palmo e caiu no chão feito uma jaca mole aí eve um bandido, rapaiz, que homilhô o atista com uma dedada aonde as costa muda de nome.
Meu cumpadi, esse homi ofendido na região glútea viro uma fera e entre a rapideiz da dedada e a imediatidade do êpa, deu-lhe um berro nas oiça do sujeito que iscurrego na froxura e caiu sentado.
Nessa hora, meu cumpadi, o atista partiu pra cima dele com um gênio de 150 siri dento de uma lata de querosene, deu-le um sopapo no serrote dos dente, que chuveu canino, molar, e incisivo, por 3 dia no sítio Boca Funda.
aí nessa hora, meu cumpadi, o bandido principal saiu num derrapo de velocidade,ai o atistao atista deu-lhe um chuvaréu de bala, meu cumpadi, que a gente teve que se abaxá dento do cinema,aquelas letrinha que passa lá no filme ele derrubo umas 140,e eu ainda peguei umas 4: taqui pra você vê!!!

Por: Gabriel Queiroz
 

 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Crônica de um amor anunciado-Martha Medeiros


 Toda pessoa apaixonada é um publicitário em potencial. Não anuncia cigarros, hidratantes ou máquinas de lavar, mas anuncia seu amor, como se vivê-lo em segredo diminuísse sua intensidade.

O hábito começa na escola. O caderno abarrotado de regras gramaticais, fórmulas matemáticas e lições de geografia, e lá, na última página, centenas de corações desenhados com caneta vermelha. Parece aula de ciências, mas é introdução à publicidade. Em breve se estará desenhando corações em árvores, escrevendo atrás da porta do banheiro e grafitando a parede do corredor: Suzana ama João.

A partir de uma certa idade, a veia publicitária vai tornando-se mais discreta. Já não anunciamos nossa paixão em muros e bancos de jardim. Dispensa-se a mídia de massa e parte-se para o telemarketing. Contamos por telefone mesmo, para um público selecionado, as últimas notícias da nossa vida afetiva. Mas alguns não resistem em seguir propagando com alarde o seu amor. Colocam anúncios de verdade no jornal, geralmente nos classificados: Kika, te amo. Beto, volta pra mim. Everaldo, não me deixe por essa loira de farmácia. Joana, foi bom pra você também?
 
O grau máximo de profissionalismo é atingido quando o apaixonado manda colocar sua mensagem num outdoor em frente a casa da pessoa amada. O recado é para ela, mas a cidade inteira fica sabendo que alguém está tentando recuperar seu amor. Em grau menor de assiduidade, há casos em que apaixonados mandam despejar de um helicóptero pétalas de rosas no endereço do namorado, ou gastam uma fortuna para que a fumaça de um avião desenhe as iniciais do casal no céu. A criatividade dos amantes é infinita.

O amor é uma coisa íntima, mas todos nós temos a necessidade de torná-lo público. É a nossa vitória contra a solidão. Assim como as torcidas de futebol comemoram seus títulos com buzinaços, foguetório e cantorias, queremos também alardear nossa conquista pessoal, dividir a alegria de ter alguém que faz nosso coração bater mais forte. É por isso que, mesmo não sendo adepta do estardalhaço, me consterno por aqueles que amam escondido, amam em silêncio, amam clandestinamente. Mesmo que funcione como fetiche, priva o prazer de ter um amor compartilhado.

sábado, 16 de março de 2013

... CUIDADO COM AS LINHAS CRUZADAS ...Luís Fernando Veríssimo

Um telefone toca num fim de tarde, começo de noite . . .

 * Alô?
* Pronto.
Ele: - Voz estranha... Gripada?
Ela: - Faringite.
Ele: - Deve ser o sereno. No mínimo tá saindo todas as noites pra badalar.
Ela: - E se estivesse? Algum problema?
Ele: - Não, imagina! Agora, você é uma mulher livre.
Ela: - E você? Sua voz também está diferente. Faringite?
Ele: - Constipado.
Ela: - Constipado? Você nunca usou esta palavra na vida.
Ele: - A gente aprende.
Ela: - Tá vendo? A separação serviu para alguma coisa.
Ele: - Viver sozinho é bom. A gente cresce.
Ela: - Você sempre viveu sozinho. Até quando casado só fez o que quis.
Ele: - Maldade sua, pois deixei de lado várias coisas quando a gente se casou.
Ela: - Evidente! Só faltava você continuar rebolando nas discotecas com as amigas.
Ele: - Já você não abriu mão de nada. Não deixou de ver novela, passear no shopping,
comprar jóias, conversar ao telefone com as amigas durante horas.

. . . Silêncio . . .

Ela: - Comprar jóias? De onde você tirou essa idéia? A única coisa que comprei
em quinze anos de casamento foi um par de brincos.
Ele: - Quinze anos? Pensei que fosse bem menos.
Ela: - A memória dos homens é um caso de polícia!
Ele: - Mas conversar com as amigas no telefone ...
Ela: - Solidão, meu caro, cansaço ... Trabalhar fora, cuidar das crianças e ainda
preparar o jantar para o HERÓI que chega à noite... Convenhamos, não chega a
ser uma roda-gigante de emoções ...
Ele: - Você nunca reclamou disso.
Ela: - E você me perguntou alguma vez?
Ele: - Lá vem você de novo... As poucas coisas que eu achava que estavam certas...
Isso também era errado!?
Ela: - Evidente, a gente não conversava nunca ...
Ele: - Faltou diálogo, é isso? Na hora, ninguém fala nada. Aparece um impasse e
as mulheres não reclamam. Depois, dizem que Faltou diálogo.
As mulheres são de Marte !
Ela: - E vocês são de Saturno!

. . . Silêncio . . .

Ele: - E aí, como vai a vida?
Ela: - Nunca estive tão bem. Livre para pensar, ninguém pra Me dizer o que devo fazer ...
Ele: - E isso é bom?
Ela: - Pense o que quiser, mas quinze anos de jornada são de enlouquecer qualquer uma.
Ele: - Eu nunca fui autoritário!
Ela: - Também nunca foi compreensivo!
Ele: - Jamais dei a entender que era perfeito. Tenho minhas limitações como qualquer
mortal ...
Ela: - Limitado e omisso como qualquer mortal.
Ele: - Você nunca foi irônica.
Ela: - Isso a gente aprende também.
Ele: - Eu sempre te apoiei.
Ela: - Lógico. Se não me engano foi no segundo mês de casamento que você lavou a
única louça da tua vida. Um apoio inestimável ... Sinceramente, eu não sei o
que faria sem você? Ou você acha que fazer vinte caipirinhas numa tarde para um
bando de marmanjos que assistem ao jogo da Copa do Mundo era realmente
o meu grande objetivo na vida ?
Ele: - Do que você está falando?
Ela: - Ah, não lembra?
Ele: - Ana, eu detesto futebol.
Ela: - Ana!? Esqueceu meu nome também? Alexandre, você ficou louco?
Ele: - Alexandre? Meu nome é Ronaldo!

. . . Silêncio . . .

Ele: - De onde está falando?
Ela: - 2578 9922
Ele: - Não é o 2578 9222?
Ela: - Não.
Ele: - Ah, desculpe, foi engano.

Depois de um tempo ambos caem na gargalhada.

Ele: Quer dizer que você faz uma ótima caipirinha, hein?
Ela: - Modéstia à parte... Mas não gosto, prefiro vinho tinto.
Ele: - Mesmo? Vinho é a minha bebida preferida!
Ela: - E detesta futebol?
Ele: - Deus me livre... 22 caras correndo atrás de uma bola... Acho ridículo!
Ela: - Bem, você me dá licença, mas eu vou preparar o jantar.
Ele: - Que pena... O meu já está pronto. Risoto, minha especialidade!
Ela: - Mentira! É o meu prato predileto...
Ele: - Mesmo! Bem, a porção dá pra dois, e estou abrindo um Chianti também.
Você não gostaria de...
Ela: - Adoraria!

Ele dá o endereço.

sábado, 2 de março de 2013

"O Seminarista" Bernardo Guimarães

O lindo romance de Bernardo Guimarães, "O Seminarista", foi publicado em 1872 e hoje em dia é um grande clássico. Conta a história de Eugênio, que passou a infância com Margarida. Ele era filho de um rico fazendeiro e ela, filha de uma agregada da casa. Quando o pai de Eugênio percebe que um amor nasceu entre os dois, manda o rapaz para um seminário, indiferente aos sentimentos do filho. Pouco tempo depois, com a ajuda dos padres, o pai inventa que Margarida vai se casar e Eugênio, diante da dor, decide pela vida de padre. Muito tempo depois, ele volta para a vila onde nasceu e é chamado para socorrer uma moça muito doente. Era Margarida, que lhe contou toda a verdade


Leia o romance clicando neste link: