sexta-feira, 15 de maio de 2015

Ver Vendo - Otto Lara Rezende



De tanto ver, a gente banaliza o olhar – ver... não vendo.
Experimente ver, pela primeira vez, o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é: o que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa retina é como o vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta.
Se alguém lhe pergunta o que você vê pelo caminho, você não sabe.
De tanto vê, você banaliza o olhar.
Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório.
Lá estava sempre, pontualíssimo, o porteiro.
Dava-lhe bom dia, às vezes, lhe passava um recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro faleceu.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia.
Em 32 anos nunca consegui vê-lo.
Para ser notado o porteiro teve que morrer.
Se, um dia, em seu lugar tivesse uma girafa cumprindo o rito, pode ser, também, que ninguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e baixa a vontade. Mas a sempre o que ver; gente; coisa; bichos.
E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê aquilo que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpo para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez, o que, de tão visto, ninguém vê. O pai que raramente vê o próprio filho. O marido que nunca viu a própria mulher.
Os nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos.
...e por ai que se instala no coração o monstro da indiferença


domingo, 3 de maio de 2015

Recado ao Sr. 903 - Rubem Braga


Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador do prédio, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão . O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a lei e a polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números , dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a leste pelo 1005, a oeste pelo 1001, ao sul pelo Oceano Atlântico, ao norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos ; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré , dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar , depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada,   e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos . Peço-lhe desculpas - e prometo silêncio.
"' Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela".
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.

"MATERIALISMO MORAL" Susete Mendes


Existem pessoas doentes pelo dinheiro, fama e pela aparência, ou seja, adeptas do "materialismo moral" - a ideia de que a meta suprema da vida humana é juntar joias, terras, dinheiro. Pessoas que vendem a alma pelo brilho da prata e do ouro. Que suplicam e ficam satisfeitas com elogios de hipócritas e interesseiros. 
Estas pessoas só falam de viagem, roupa, carro, joias, perfumes, plástica, corpo perfeito. Para elas, pessoas bem sucedidas são aquelas que possuem bens materiais, muita vaidade e poder de compra.  Não há problema algum ser “ambicioso”, ter um excelente emprego e salário, mas como diz Loren Cunningham "O dinheiro é como o camaleão", "assume a cor do coração de quem o possui" e a "riqueza é como água salgada, como disse Schopenhauer: quanto mais se bebe, mais sede se tem".  Assim sendo, é preciso ter claro que dinheiro nunca comprou amor e sem amor, consequentemente não haverá respeito, companheirismo, cooperação, solidariedade, não haverá felicidade.

Você sabe de algum caso em que o dinheiro fez com que alguém amasse outro alguém ou algo verdadeiramente? A resposta é não, nunca houve e não há na humanidade um exemplo que seja de que o dinheiro tenha comprado amor de verdade. O dinheiro já comprou até a honra de certas pessoas. Já comprou traições, sexo, joias,  mas nunca comprou amor de verdade. Talvez esta constatação fácil represente a última e mais forte resistência do ser humano ao materialismo completo.

Pessoas inteligentes estabelecem com seus  familiares, amigos e conhecidos um laço de relacionamento que traz o  respeito e a admiração pelo outro, um vínculo sentimental além do poder aquisitivo de cada um. Nenhum relacionamento será  perfeito nem grandioso sem amor .Como fazer esta mágica?  Manter, garantir  a clara e contínua comunicação transparente entre as pessoas tendo como caminho , o amor por si próprio ,pela família e por tudo e todos que nos cercam.




domingo, 26 de abril de 2015

Uma análise do Canal Investigation Discovery, um canal focado em suspense, crime e investigação,


Acabei de assistir no Canal Investigation Discovery, um canal focado em suspense, crime e investigação, uma série sobre “ Crimes que ficaram na História” , o episódio de hoje foi especificamente sobre o assassinato de Kitty Genovese,uma mulher estadunidense que foi esfaqueada até a morte próximo de sua casa em Kew Gardens, no Queens, Nova York, onde vivia com a sua companheira. As circunstâncias de sua morte e a aparente reação (ou falta de reação) dos vizinhos dela foram relatadas num artigo de jornal publicado duas semanas depois e instigaram investigações do fenômeno psicológico que se tornou conhecido como "efeito espectador", "responsabilidade difusa" ou "síndrome Genovese",  e por meio desta série conheci esta síndrome.

No meu circulo de amigos, ouço muitas criticas sobre as series exibidas neste canal da TV e por ser uma telespectadora dele as criticas sobrecaem sobre minhas preferências  de programas televisivos... e óbvio que são criticas duras e muitas vezes “destruidoras”..rsrsrs, porque a ideia é que  assistamos programas que  falem de amor, solidariedade, cooperação, enfim sentimentos positivos.

Sou graduada e Licenciada em Ciências Sociais, formada para analisar, hábitos e costumes de diversos grupos sociais, sendo assim, meu perfil  de observadora, curiosa  e  gosto pela investigação cientifica, colabora para que dentre os vários problemas que afligem a sociedade contemporânea, a temática sobre violência, reforcem meu interesse por este tipo de programa . Além disso, sou moradora de uma megalópole, São Paulo, onde  a “cultura de violência”  atiçam ainda mais a curiosidade e o interesse para entender as múltiplas e crescentes manifestações violentas  com uma população cada vez mais jovem envolvida num marasmo de horror , medo e insegurança, onde todos ou a maioria assistem ao ato de violência, mas ninguém assiste a vitima .

 Voltando a “síndrome de genovese” ,  resolvi entender melhor este fenômeno social psicológico no qual indivíduos mostram-se “passivos”, “inertes”, quanto a ajuda para outras pessoas em situações de perigo ou violência quando percebem que há outros presentes no mesmo local, em outras palavras "não tenho nada com isso".

E pensando sobre isso, veio-me as questões:

Será, então, que a presença de tantas pessoas pode inibir ou impedir nossa capacidade de ajudar? Quanto mais espectadores  e envolvidos, maior a chance de não haver nenhuma intervenção para interromper atrocidades?

A busca de respostas a reflexão sobre a existência de uma crítica social incisiva quanto a ausência de solidariedade, se fez fundamental, uma vez que, a falta de solidariedade  mostra a hipocrisia humana em ver a atitude de violência e/ou destruição do outro, mas não perceber que semelhante espetáculo pode ter como protagonista a si próprio ou alguém de sua família.

Novos questionamentos surgiram e a reflexão ampliou-se acerca da nossa atitude perante  as diversas situações onde abrimos mão de nosso papel de cidadão, de co-responsável no poder de mudança e decisão para melhorar a qualidade de vida em nosso planeta, a partir de uma simples atitude , como por exemplo, não jogar papel no chão, não desperdiçar água, alimentos.
Na relação com o outro que surgem os problemas e as indagações morais: o que devo fazer? Como agir em determinada situação? Como comportar-me perante o outro. O que fazer? etc   Então, para o ser humano viver é conviver e é  justamente na convivência, na vida social e comunitária, que o ser humano se descobre e se realiza enquanto um ser moral e ético, logo serão as situações cotidianas que nos colocam problemas morais,que impulsionam nossas decisões, escolhas, ações, comportamentos e valores. Mas , quais são estas escolhas,decisões, ações?

A princípio devo dizer que infelizmente  abrimos mão deste tipo de postura ética, porque achamos e esperamos sempre que a mudança comece nos outros e os outros também pensam a mesma coisa e o mundo está como está.  


Só pra encerrar, queria dizer aos meus amigos que criticam o canal das séries ID, dizendo que  este tipo de programação suscita sentimentos ruins ; que pelo contrário, ao menos na minha reles visão, estes programas podem contribuir para uma reflexão em favor da humanização de sentimentos, como, solidariedade ,ética, cooperação e respeito, pouco valorizados na sociedade contemporânea. Afinal, foi refletindo sobre o que eu assisti hoje  que pude aprender e pensar um pouco melhor sobre tudo isso.

autora : Susete A Rodrigues Mendes

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Analise junguiana do conto "O Gato de Botas" dos irmãos Grimm

O Gato de Botas é um conto de fadas publicado por Charles Perrault em 1697. Os irmãos Grimm também publicaram uma versão desse conto. O gato ficou muito famoso por sua participação na animação Shrek.
Usarei para a análise a versão dos Grimm. O conto nos fala sobre o filho caçula de um moleiro que herda do pai um gato de estimação, enquanto os mais velhos herdam o moinho e um burro. O rapaz, que ficou indignado com a escolha, descobre que o gato fala e este lhe pede um par de botas.
Ao ganhar as botas o gato consegue convencer um rei muito poderoso de que pertence a um conde, e assim consegue ao seu dono a mão da princesa em casamento e com a morte do rei, o rapaz herda o trono.
O moleiro é uma figura interessante! Sob o ponto de vista de um camponês ele seria uma pessoa que não trabalha de verdade, pois ele usa a astúcia para fazer os elementos da natureza trabalharem para ele. A inteligência do moleiro o aproxima do deus Hermes, no entanto essa inteligência pode ser usada tanto para o bem como para o mal.
Ele possui três filhos homens e nada é mencionado a respeito de uma esposa. Podemos observar aí que falta o elemento feminino e existe, portanto, um exagero na atitude masculina. O pai morre essa totalidade masculina é quebrada, fragmentada.
O gato é um animal associado comumente ao feminino. No Egito antigo tínhamos a deusa Bastet, representada com cabeça de gato, que estava associada à fertilidade e era protetora das mulheres. Em uma das lendas gregas, a deusa Artemis, protetora das mulheres, se transforma em gato para fugir para o Egito.
A deusa Hécate também se transformou em gato. A nórdica Freya, deusa da sensualidade, do sexo, da beleza e do amor, tinha seu carro puxado por dois gatos.
O gato então está associado à Lua, à feitiçaria e às bruxas. Muitos gatos foram queimados durante a Inquisição, pois juntamente com o feminino ele passou a ser associado somente ao lado demoníaco e seu lado criativo e fecundo reprimido.
Além disso, o gato está associado à consciência e a independência.
Podemos supor então, que no conto, o gato – apesar de ser macho - representa os aspectos do feminino reprimido, como a sua sexualidade, sua individualidade, independência, a intuição e astúcia.
O gato de botas está ligado também a figura de Hermes – afinal ele provém do pai do rapaz – e por essa razão ele faz o papel de psicopompo do rapaz. Psicopompo é uma palavra que tem origem no grego psychopompós, junção de psyché (alma) e pompós (guia) e designa um ente cuja função é guiar ou conduzir a percepção de um ser humano entre dois ou mais eventos significantes.
Ele é um guia, um ente que leva o rapaz ao encontro do seu feminino e da sua personalidade mais profunda. O gato, então pode ser considerado um símbolo da união do princípio feminino e masculino.
Temos então a figura do rei com a sua filha (nesse reino também não há rainha). O rei nos contos de fadas costuma estar doente, ou velho e precisa de um substituto. No caso do conto o substituto, não é um rapaz nobre, mas alguém da camada mais pobre, que usa de astúcia e inteligência, o que é algo extremamente incomum nos contos de fadas.
A origem humilde do herói significa que a renovação da consciência vem de aspectos ignorados e desprezados pela consciência.
Em termos pessoais vemos esses aspectos desprezados na função inferior de cada indivíduo. No conto podemos supor que a função pensamento é extremamente valorizada, ao ponto do exagero, enquanto que a sua oposta, o sentimento (muitas vezes associada ao feminino) foi desvalorizada.
O conto Gato de Botas possui um caráter duvidoso, pois o herói consegue as coisas por meio da astúcia do gato. Mas todos os conteúdos do inconsciente possuem um caráter amoral. A consciência é que separa em bem e mal.
E por isso o conto nos traz uma importante lição: a da esperança de que mesmo o mais medíocre pode ter sucesso na vida. E que muitas vezes aquilo que nos parece mal pode ser o bem e o que parece bem pode ser um grande mal. Mas que o mais importante para prosperarmos é estarmos em conexão com nosso eu mais profundo, com nossas intuições e instintos e que devemos buscar ouvir o nosso inconsciente para conhecermos essa realidade profunda.
Por  HELLEN REIS MOURAO  : Analista junguiana. Formada em psicanálise e psicologia analítica. Especializada em Mitologia e Contos de Fadas. 

sábado, 18 de abril de 2015

Os Filhos (Do Livro "O Profeta") Kahlil Gibran

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
           
Vossos filhos não são vossos filhos.           
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.           
Vêm através de vós, mas não de vós.           
E embora vivam convosco, não vos pertencem.           
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,           
Porque eles têm seus próprios pensamentos.           
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;           
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,           
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.           
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,           
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.           
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.           
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força          
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.           
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:           
Pois assim como ele ama a flecha que voa,           
Ama também o arco que permanece estável. 


BIOGRAFIA:
Seu nome completo é Gibran Kahlil Gibran. Assim assinava em árabe. Em inglês, preferiu a forma reduzida e ligeiramente modificada de Khalil Gibran. É mais comumente conhecido sob o simples nome de Gibran.
1883 - Nasceu em 6 de janeiro, em Bsharri, nas montanhas do Líbano, a uma pequena distância dos cedros milenares.
1931 -Morreu em 10 de abril, no Hospital São Vicente, em Nova York, no decorrer de uma crise pulmonar que o deixara inconsciente. 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

SOU MULHER Geni Oliveira










 Recordando as mulheres, revivendo os momentos.
A imagem passando em meus pensamentos:
Uma Sarah recebendo seu Isaac nos braços
E Maria chorando seu Cristo amado
Uma negra explorada pelo rico senhor
Vi também condenadas lançada à prisão
Escutei os gritos de agonia e dor
Na ardente fogueira da Inquisição
Nos escritos narrados pelo então Mardoqueu
A Ester mediando seu povo judeu:
“Lhe suplico socorro, vossa majestade,
Que nos livre da morte meu desejo e vontade
” Olhei-me ao espelho, machucada e ferida.
Um tormento constante sem buscar a saída
Eu vi tudo perdido, foi então que chorei:
Com os meus pés calejados, eu caí, levantei!
Fui vivendo o momento sem pensar em maldade
Revoltei-me dizendo: e a dignidade?
Ao redor pude ver não estava sozinha
Muitas outras mulheres andam na mesma linha.
Escutei um chorar e um frágil gemido.
Era um ser humano que estava comigo
Segurei em meus braços sentindo a feição
Era linda mulher ou um belo varão
Meu olhar de esperança ao céu elevei.
E o sol que brilhando a Deus confessei
Posso ter sufocado, mudado a conduta.
Sou mulher de verdade, não desisto da luta!
Como lírios do campo, sou mulher natureza.
Sou a força, a raça, tenho a minha beleza.
Vi minhas asas abertas de amor e verdade
Sou futuro, sou a mãe da humanidade!


(poesia retirada do livro” Kizomba Literária na EMEF Professora Marili Dias” , paginas 17 e 18)



Geni Oliveira nasceu em São Bernardo do Campo, em 1961. Teve uma infância muito difícil. Trabalhou como empregada doméstica durante muitos anos. Depois de adulta, casada, mãe de três filhos, foi trabalhar numa escola pública, onde teve a oportunidade de voltar estudar e completar o ensino médio. Hoje, aos 50 anos, tem centenas de poesias que são marcadas por sua trajetória de luta, sofrimento, perseverança e vitórias. Teve seu primeiro livro publicado em outubro de 2010, Lida em poesias, através do “Projeto de Geração de Renda a Partir de Talentos”, promovido pela Pastoral da Mulher da Região da Brasilândia.