sábado, 22 de setembro de 2012

A Pequena Vendedora de Fósforos-Hans Christian Andersen

Fazia um frio terrível; caía a neve e estava quase escuro; a noite descia: a última noite do ano.
Em meio ao frio e à escuridão uma pobre menininha, de pés no chão e cabeça descoberta, caminhava pelas ruas.
Quando saiu de casa trazia chinelos; mas de nada adiantavam, eram chinelos tão grandes para seus pequenos pézinhos, eram os antigos chinelos de sua mãe.
A menininha os perdera quando escorregara na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando.
Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino se apoderara do outro e fugira correndo.
Depois disso a menininha caminhou de pés nus – já vermelhos e roxos de frio.
Dentro de um velho avental carregava alguns fósforos, e um feixinho deles na mão.
Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia, e ela não ganhara sequer um níquel.
Tremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria!
Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos; mas agora ela não pensava nisso.
Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano-Novo.
Sim: nisso ela pensava!
Numa esquina formada por duas casas, uma das quais avançava mais que a outra, a menininha ficou sentada; levantara os pés, mas sentia um frio ainda maior.
Não ousava voltar para casa sem vender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão.
O pai naturalmente a espancaria e, além disso, em casa fazia frio, pois nada tinham como abrigo, exceto um telhado onde o vento assobiava através das frinchas maiores, tapadas com palha e trapos.
Suas mãozinhas estavam duras de frio.
Ah! bem que um fósforo lhe faria bem, se ela pudesse tirar só um do embrulho, riscá-lo na parede e aquecer as mãos à sua luz!
Tirou um: trec! O fósforo lançou faíscas, acendeu-se.
Era uma cálida chama luminosa; parecia uma vela pequenina quando ela o abrigou na mão em concha…
Que luz maravilhosa!
Com aquela chama acesa a menininha imaginava que estava sentada diante de um grande fogão polido, com lustrosa base de cobre, assim como a coifa.
Como o fogo ardia! Como era confortável!
Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e ficaram-lhe na mão apenas os restos do fósforo queimado.
Riscou um segundo fósforo.
Ele ardeu, e quando a sua luz caiu em cheio na parede ela se tornou transparente como um véu de gaze, e a menininha pôde enxergar a sala do outro lado. Na mesa se estendia uma toalha branca como a neve e sobre ela havia um brilhante serviço de jantar. O ganso assado fumegava maravilhosamente, recheado de maçãs e ameixas pretas. Ainda mais maravilhoso era ver o ganso saltar da travessa e sair bamboleando em sua direção, com a faca e o garfo espetados no peito!
Então o fósforo se apagou, deixando à sua frente apenas a parede áspera, úmida e fria.
Acendeu outro fósforo, e se viu sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Era maior e mais enfeitada do que a árvore que tinha visto pela porta de vidro do rico negociante.
Milhares de velas ardiam nos verdes ramos, e cartões coloridos, iguais aos que se vêem nas papelarias, estavam voltados para ela. A menininha espichou a mão para os cartões, mas nisso o fósforo apagou-se. As luzes do Natal subiam mais altas. Ela as via como se fossem estrelas no céu: uma delas caiu, formando um longo rastilho de fogo.
“Alguém está morrendo”, pensou a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que agora estava morta, lhe dissera que quando uma estrela cala, uma alma subia para Deus.
Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna.
  • Vovó! – exclamou a criança.
  • Oh! leva-me contigo!
Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar!
Dissipar-te-ás, como as cálidas chamas do fogo, a comida fumegante e a grande e maravilhosa árvore de Natal!
E rapidamente acendeu todo o feixe de fósforos, pois queria reter diante da vista sua querida vovó. E os fósforos brilhavam com tanto fulgor que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera grande e tão bela. Tornou a menininha nos braços, e ambas voaram em luminosidade e alegria acima da terra, subindo cada vez mais alto para onde não havia frio nem fome nem preocupações – subindo para Deus.
Mas na esquina das duas casas, encostada na parede, ficou sentada a pobre menininha de rosadas faces e boca sorridente, que a morte enregelara na derradeira noite do ano velho.
O sol do novo ano se levantou sobre um pequeno cadáver.
A criança lá ficou, paralisada, um feixe inteiro de fósforos queimados. – Queria aquecer-se – diziam os passantes.
Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano­ Novo.”

Garoto de meias vermelhas

Ele era um garoto triste. Procurava estudar muito.
Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa.
Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas.
Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só usava meias vermelhas.
Ele falou, com simplicidade:
"no ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo".
Colocou em mim essas meias vermelhas.
Eu reclamei. Comecei a chorar.
Disse que todo mundo iria rir de mim, por causa das meias vermelhas.
Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as meias vermelhas.
Disse que se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino
de meias vermelhas, saberia que o filho era dela."

"Ora", disseram os garotos. "mas você não está num circo.
Por que não tira essas meias vermelhas e as joga fora?"
O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés,
talvez para disfarçar o olhar lacrimoso e explicou:
"é que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora".
Por isso eu continuo usando essas meias vermelhas.
"Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja,
ela vai me encontrar e me levará com ela."

Muitas almas existem, na Terra, solitárias e tristes, chorando um amor que se foi.
Colocam meias vermelhas, na expectativa de que alguém as identifique,
em meio à multidão, e as leve para a intimidade do próprio coração.
São crianças, cujos pais as deixaram, um dia, em braços alheios,
enquanto eles mesmos se lançaram à procura de tesouros, nem sempre reais.
Lesadas em sua afetividade, vivem cada dia à espera do retorno dos amores,
ou de alguém que lhes chegue e as aconchegue.
Têm sede de carinho e fome de afeto.
Trazem o olhar triste de quem se encontra sozinho e anseia por ternura.
São idosos recolhidos a lares e asilos, às dezenas.
Ficam sentados em suas cadeiras, tomando sol, as pernas estendidas,
aguardando que alguém identifique as meias vermelhas.
Aguardam gestos de carinho, atenções pequenas.
Marcam no calendário, para não se perderem, a data da próxima visita,
do aniversário, da festividade especial.
Aguardam...

São homens e mulheres que se levantam todos os dias, saem de casa,
andam pelas ruas, sempre à espera de alguém que partiu, retorne.
Que o filho que tomou o rumo do mundo e não mais escreveu,
nem deu notícia alguma, volte ao lar.
São namorados, noivos, esposos que viram o outro sair de casa,
um dia, e esperam o retorno.
Almas solitárias. Lesadas na afetividade. Carentes.

Pense nisso!
O amor, sem dúvida, é lei da vida.
Ninguém no mundo pode medir a resistência de um coração
quando abandonado por outro.
E nem pode aquilatar da qualidade das reações que virão daqueles
que emurchecem aos poucos, na dor da afeição incompreendida.
Todos devemos respeito uns aos outros.
Somos responsáveis pelos que cativamos ou nos confiam seus corações.
Se alguém estiver usando meias vermelhas, por nossa causa, pensemos se esse
não é o momento de recompor o que se encontra destroçado,
trabalhando a terra do nosso coração.
A maior de todas as artes é a arte de viver juntos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

VELHA HISTÓRIA _ Mario Quintana

Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenininho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no quente. E desde então, ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelo café. Como era tocante vê-los no "17"! o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a xícara de fumegante moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho especial...
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao peixinho: "Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!..." Dito isso, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n’água. E a água fez redemoinho, que foi depois serenando, serenando... até que o peixinho morreu afogado... (Quintana, 1976, p. 105)

sábado, 15 de setembro de 2012

UMA IDÉIA TODA AZUL-Marina Colasanti

   


Um dia o rei teve uma idéia. Era a primeira da vida toda e, tão maravilhado ficou com aquela idéia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com alegria, linda idéia dele toda azul.

Brincaram até o rei adormecer encostado numa árvore.

Foi acordar tateando a coroa e procurando a idéia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a idéia poderia ter chamado a atenção de alguém. Bastaria esse alguém pegá-la e levá-la. É tão fácil roubar uma idéia! Quem jamais saberia que já tinha dono?

Com a idéia escondida debaixo do manto, o rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, ele saiu dos seus aposentos, atravessou salões, desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao corredor das salas do tempo. Portas fechadas e o silêncio. Que sala escolher?

Diante de cada porta o rei parava, pensava e seguia adiante. Até chegar à sala do sono. Abriu. Na sala acolchoada, os pés do rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gases, cortinas e véus pendurados como teias. Sala de quase escuro, sempre igual. O rei deitou a idéia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta.

A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela.

O tempo correu seus anos. Idéias o rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais que mentiam a verdade. Apenas sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins.

Só os ministros viam a velhice do rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar, e o libertaram do manto.

Posta a coroa sobre a almofada, o rei logo levou a mão à corrente.

Ninguém mais se ocupa de mim – dizia, atravessando salões, descendo escadas a caminho da sala do tempo. Ninguém mais me olha – dizia. Agora, posso buscar minha linda idéia e guardá-la só para mim.

Abriu a porta, levantou o cortinado.

Na cama de marfim, a idéia dormia azul como naquele dia.

Como naquele dia, jovem, tão jovem, uma idéia menina. E linda. Mas o rei não era mais o rei daquele dia. Entre ele e a idéia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na sala do sono. Seus olhos não viam na idéia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia.

Sentado na beira da cama o rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza.

Depois, baixou o cortinado e, deixando a idéia adormecida, fechou para sempre a porta.

Moral: idéia não é para ficar adormecida, mas para ser realizada, sob pena de se perder.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

RESULTADO PESQUISA DE INTENÇÃO DE VOTOS

PREFEITO DA CIDADE DE SÃO PAULO
Realizada no Blog Clube da Leitura – EMEF Profª Marili Dias
Participaram da pesquisa 618 pessoas no período de 02 de setembro a 2 de outubro de 2012. Cidadãos que participaram da pesquisa = estudantes do EFII e seguidores do CLUBE DA LEITURA. ESTIMATIVA EM %
 
 
PESQUISA DATAFOLHA
 
Russomanno volta a subir e abre 14 pontos de vantagem sobre adversários Serra oscila para 21% e agora está em empate técnico com Haddad, que atingiu 16%

O candidato do PRB a prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, cresceu quatro pontos na preferência do eleitor em menos de uma semana e agora tem 35% das intenções de voto na capital paulista. Essa alta, aliada à oscilação negativa de José Serra (PSDB), de 22% nos dias 28 e 29 de agosto para os atuais 21%, amplia de nove para 14 pontos a vantagem de Russomanno sobre o tucano.
 
O candidato do PSDB está agora em situação de empate técnico com Fernando Haddad (PT), que oscilou de 14% para 16% desde a última pesquisa Datafolha. Os demais candidatos continuam no mesmo patamar de indicações de voto: Gabriel Chalita (PMDB) manteve 7%; Soninha (PPS) oscilou de 4% para 5%; Paulinho da Força (PDT) oscilou de 2% para 1%; Carlos Giannazi (PSol) e Ana Luiza, (PSTU) continuam com 1%, mesmo índice obtido por Eymanel (PSDC). Os candidatos Levy Fidelix (PRTB) e e Anaí Caproni (PCO) foram citados mas não atingiram 1%. A fatia dos que não souberam se posicionar em relação a esses nomes oscilou de 7% para 4% desde o levantamento anterior.
 
O mesmo ocorreu com o índice dos que dizem votar em branco, nulo ou em nenhum dos candidatos, que foi de 10% para 8%. Foram ouvidos 1078 eleitores de São Paulo, com 16 anos ou mais, nos dias 3 e 4 de setembro de 2012. A margem de erro máxima, para o total da amostra, é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Na comparação com a pesquisa concluída em 29 de agosto, Russomanno ganhou quatro pontos entre os homens (de 33% para 37%) e cinco pontos entre as mulheres (de 29% para 34%).
 
A alta do candidato do PRB foi mais acentuada no eleitorado mais velho: entre os que têm de 45 a 59 anos, ele passou de 27% para 36%, e entre quem tem mais de 60 anos, de 30% para 37%. Nessa última fatia do eleitorado, Russomanno aparece à frente de Serra pela primeira vez.
 
 O candidato também ganhou oito pontos entre os eleitores de ensino fundamental (de 33% para 41%) e seis pontos entre aqueles com renda mensal familiar de 2 a 5 salários mínimos (de 36% para 42%). Na fatia do eleitorado com renda familiar de 5 a 10 salários mínimos, o candidato do PT, Fernando Haddad, subiu de 11% para 20% e agora está empatado com José Serra, que recuou de 28% para 21% nesse segmento.
 
O levantamento mostra que Russomanno retomou a liderança, ao lado de Haddad, entre os eleitores que têm o PT como partido preferido. Na pesquisa concluída em 29 de agosto, o candidato do PRB tinha 29% das indicações nesse segmento, oscilação negativa de quatro pontos na comparação com pesquisa de 20 de agosto.
 
 O ex-ministro da Educação, no mesmo período, aparecia com 40%. No levantamento atual, no entanto, ele oscilou para 37% e está no mesmo patamar do adversário. Entre os eleitores que avaliam como ótimo ou bom o governo Dilma Roussefff, 36% indicam votar em Russomanno, 22% em Haddad, e 17%, em Serra.
 
O candidato do PRB também lidera entre os que consideram o governo da petista regular (35%) e ruim ou péssimo (32%). No caso dos eleitores que aprovam o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), Russomanno e Serra dividem a preferência do eleitor, com 33% e 32% das intenções de voto, respectivamente.
 
O quadro muda entre os que avaliam a gestão do tucano à frente do Estado como regular, quando Russomanno é novamente o preferido (38%) e Serra empata fica mais próximo de Haddad (14% e 20%, respectivamente). Entre os eleitores que avaliam a gestão de Gilberto Kassab (PSD) como ótima ou boa, Russomanno (32%) e Serra (29%) dividem a preferência do eleitor. Na fatia dos que veem a atual administração de São Paulo como regular, o candidato do PRB fica com 32% das intenções de voto, ante 25% de Serra e 14% do candidato do PT.
Entre os que desaprovam o governo Kassab, a vantagem de Russomanno é maior: tem 40%, ante 17% de Haddad e 14% do tucano. O Datafolha também analisou a preferência dos eleitores em relação aos que aprovam e desaprovam os governos já encerrados de Lula (PT), no plano federal, de Marta Suplicy (PT), no plano municipal, e de Serra, como governador e como prefeito. No caso de Lula, 39% dos que avaliam seu governo como ótimo ou bom dizem que irão votar em Russomanno, enquanto 16% optam por Serra, e 20%, por Haddad.
Entre os que veem o governo do petista como regular, 22% pretendem votar em Russomanno, 32%, em Serra, e 9%, em Haddad. O candidato do PSDB lidera (34%) entre os que avaliam a administração Lula como ruim ou péssima, tendo Russomanno em segundo lugar (28%). No eleitorado que vê a gestão Serra no governo estadual como ótima ou boa, 41% declaram intenção de voto no tucano para prefeito.
Outros 28% optam por Russomanno, e 12%, por Haddad. Entre os que avaliam a mesma gestão como regular, 40% optam por Russomanno, 15%, por Serra, e 14%, por Haddad.
Na fatia que desaprova o desempenho de Serra como governador, o candidato do PRB lidera, com 41%, seguido por Haddad (24%).
A tendência é a mesma na avaliação da gestão de Serra como prefeito de São Paulo: ele lidera entre os que a aprovam, divide o segundo lugar com Haddad entre os que a veem como regular, e, entre os que a desaprovam, fica distante de Russomanno e Haddad.
  Em relação à gestão de Marta Suplicy na prefeitura, Russomanno lidera tanto entre os que a aprovam quanto entre os eleitores que a desaprovam.
No segmento que avalia o governo da petista como ótimo ou bom, o candidato do PRB aparece com 39% das intenções de voto, seguido por Haddad (21%) e Serra (14%).
Entre os que veem o governo Marta como regular, Russomanno obtém 32%, Serra, 25%, e Haddad, 16%.
Na fatia dos que analisam o governo de Marta como ruim ou péssimo, Russomanno tem 33%, ante 30% de Serra e 7% de Haddad.
Na pesquisa de voto espontânea, em que os nomes dos candidatos na disputa não são apresentados aos eleitores, Russomanno passou de 18% para 25%. É o dobro do índice obtido por Serra (13%, ante 15% na pesquisa anterior) e Haddad (11%, ante 9% na pesquisa anterior).
Foram citados espontaneamente também os nomes de Gabriel Chalita (4%), Soninha (2%), e Paulinho da Força e Carlos Giannazi, que não atingiram 1%. “Candidato do PT” obteve 1% das menções.
 Na comparação com levantamento concluído no dia 29 de agosto, caiu dez pontos (de 42% para 32%) a taxa dos que dizem não saber em quem votar. A fatia dos que dizem votar em branco, nulo ou em nenhum dos candidatos ficou em 8%, estável na comparação com os 9% registrados no último levantamento.
 
SE SEGUNDO TURNO FOSSE HOJE, RUSSOMANNO GANHARIA DE SERRA E HADDAD
 
À frente nas intenções de voto para o primeiro turno da disputa pela prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno aparece como favorito também em cenários de segundo turno, nos quais bateria tanto José Serra quanto Fernando Haddad. Se a disputa se desse entre o petista e o tucano, o favorito seria Haddad. Em disputa envolvendo Russomanno e Serra, o primeiro teria 58% das intenções de voto, ante 30% do ex-governador. Votariam em branco, nulo ou em nenhum deles 10%, e 2% não souberam responder. Serra só equibra o embate no segmento dos mais ricos (no qual aparece com 44%, ante 40% do adversário); entre os que aprovam a gestão Kassab (Serra tem 46%, e Russomanno, 47%); e entre os que aprovam o governo Alckmin (Serra aparece com 44%, empatado dentro da margem de erro com o candidato do PRB, que obtém 50%). Se os adversários no segundo turno fossem Russomanno e Haddad, o cenário seria parecido com o anterior: o candidato do PRB teria 56% dos votos, e o petista, 30%. Votariam em branco, nulo ou em nenhum deles 9%, e 4% não souberam responder. Nessa simulação, o ex-ministro da Educação só consegue chegar ao empate técnico entre os mais jovens (42% para ele, 47% para Russomanno), e liderar entre os que dizem ter o PT como partido de preferência (Haddad tem 53%, ante 45% do candidato do PRB). Em eventual disputa entre Serra e Haddad, o petista venceria com 46%, ante 37% de Serra. Votariam em branco, nulo ou em nenhum deles 14%, e 3% não souberam responder.
 
REJEIÇÃO A SERRA SE MANTÉM ACIMA DE
 
40% A rejeição a José Serra oscilou para baixo desde a semana passada e agora está em 42%, índice que o mantém como o mais indicado entre os candidatos que os paulistanos não votariam de jeito nenhum. Em alta nas indicações de voto, Russomanno viu sua taxa de rejeição oscilar de 15% para 12%, o que o coloca entre os menos rejeitados na disputa paulistana. Em seguida, pelo critério de rejeição, aparecem Soninha (20% não votariam nela de jeito nenhum, ante 24% no levantamento anterior); Paulinho da Força (20%), Levy Fidelix (20%), Eymael (19%), Fernando Haddad (18%, ante 21% no levantamento anterior), Miguel (14%), Ana Luiza (12%), Anaí Caproni (11%), Russomanno, Gabriel Chalita (11%, ante 15% na última pesquisa), e Carlos Giannazi (9%). O índice dos que não souberam responder fica em 6%. Há ainda 5% que dizem rejeitar todos os candidatos apresentados, e outros 4% que não rejeitam nenhum deles. 62%
 
AFIRMAM ESTAR TOTALMENTE DECIDIDOS
 
  De forma geral, 62% dos eleitores dizem estar totalmente decididos a votar no candidato escolhido na pesquisa estimulada, quando são apresentados os nomes que disputam a eleição e na qual Russomanno obtém 35%. Outros 33% declaram que ainda podem mudar o voto, e 5% não souberam responder. Entre os eleitores do candidato do PRB, o índice de certeza do voto fica acima da média, em 69%, mesmo patamar registrado entre os eleitores de Haddad (67%). No eleitorado que declara votar em José Serra, a convicção do voto é menor (59%). Líder de intenções de voto, Russomanno é também o preferido como segunda opção dos eleitores. Caso não votassem no candidato indicado na pesquisa estimulada, 23% declaram que votariam no candidato do PRB. Outros 15% dizem que votariam em José Serra, 15%, em Haddad, 9%, em Soninha, e 8%, em Chalita, entre outros. Há também 16% que disseram não saber em quem votar caso não optassem pelo seu candidato preferido. Entre os que dizem ter a intenção de votar em Russomanno em primeiro lugar, 26% optariam por Serra e 19% escolheriam Haddad caso não votassem no candidato do PRB. Caso não pudessem votar em Serra, 36% de seus eleitores optariam por Russomanno, o dobro dos que migrariam para o candidato do PT (16%). No caso de Haddad, Russomanno ficaria com 43% de seus eleitores, e Serra, com 13%. Para 44% dos eleitores paulistanos, Russomanno irá ganhar a eleição para prefeito de São Paulo em outubro. Outros 19% apontam Serra como vencedor, e 13%, Haddad. Os indecisos somam 22%.
 
FONTE: http://datafolha.folha.uol.com.br/po/ver_po.php?session=1228






quarta-feira, 5 de setembro de 2012

INDIOS NO BRASIL


                      A presença dos índios no território brasileiro é muito anterior ao processo de ocupação estabelecido pelos exploradores europeus que aportaram em nossas terras. Segundo os dados presentes em algumas estimativas, a população indígena brasileira variava entre três e cinco milhões de habitantes. Entre essa vasta população, observamos o desenvolvimento de civilizações heterogêneas entre as quais podemos citar os xavantes, caraíbas, tupis, jês e guaranis.

                Geralmente, o acesso às informações sobre essas populações são bastante restritas. A falta de fontes escritas e o próprio processo de dizimação dessas culturas acabaram limitando as possibilidades de estudo das mesmas. Em geral, o maior contato desenvolvido entre índios e europeus aconteceu nas faixas litorâneas do nosso território, onde predominam os povos indígenas pertencentes ao grupo tupi-guarani. Apesar das várias generalizações, relatos do século XVI esclarecem alguns hábitos desse povo.

                   De acordo com esses registros, os povos tupi-guarani organizavam aldeias que variavam entre os seus 500 e 750 habitantes. A presença da aldeia era temporária e todo o seu contingente era dividido entre seis a dez casas, sendo que cada uma delas poderia variar de tamanho e comprimento de acordo com as necessidades materiais e culturais de cada aldeia. Para buscarem sustento, os tupis desenvolveram a exploração da coleta, da caça, da pesca e, em alguns casos, das atividades agrícolas.

Sob o ponto de vista político, essas comunidades não contavam com nenhum tipo de organização estatal ou hierarquia política que pudesse distinguir seus integrantes. Apesar disso, não podemos ignorar que alguns guerreiros e chefes espirituais eram valorizados pelas habilidades que detinham. Muitas vezes, diferentes tribos mantinham contato entre si em busca da manutenção de alguns laços culturais ou em razão da proximidade da língua falada.

A realização das tarefas cotidianas poderia variar segundo o gênero e a idade de cada um dos integrantes da aldeia. Em suma, as mulheres tinham a obrigação de desenvolver as atividades agrícolas, fabricar peças artesanais, processar os alimentos e cuidar dos menores. Já os homens deveriam realizar o preparo das terras e as atividades de caça e pesca. Tendo outro modelo de organização familiar, os índios organizavam casamentos e, em algumas situações, a poligamia era aceita.

No campo religioso, alguns desses povos acreditavam na existência dos espíritos, na reencarnação dos seus antepassados e na compreensão dos fenômenos naturais como divindades. Em diversas situações, esse corolário de crenças era fonte de explicação para a origem do mundo ou a ocorrência de algum evento significativo. Em alguns casos, os índios praticavam a antropofagia como um importante ritual em que os guerreiros da tribo absorviam a força e as habilidades dos inimigos capturados.

Historicamente, a situação dos índios variou entre quadros de completo abandono, perseguição e miséria. Até meados da segunda metade do século XX, alguns especialistas no assunto acreditavam que a presença dos índios chegaria a um fim. Contudo, estipulados em uma população de aproximadamente um milhão de indivíduos, os indígenas hoje buscam o reconhecimento de seus diretos pelo Estado e ainda sofrem grandes obstáculos no exercício de sua autonomia.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola



 

sábado, 1 de setembro de 2012

A PRIMAVERA - Cecília Meireles

Primavera
Cecília Meireles
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.      
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366



domingo, 26 de agosto de 2012

De tudo ficaram três coisas...

Do livro " "Encontro Marcado"-Fernando Sabino
"De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos
antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!"

 
RESENHA
Um dos principais livros do escritor mineiro Fernando Sabino, "O Encontro Marcado" é um romance que retrata a juventude de Eduardo Marciano e de seus amigos na cidade de Belo Horizonte nos anos 40. Muito da história do protagonista são fatos reais da vida do escritor. Este romance é narrado na terceira pessoa e conta a história de Eduardo Marciano, filho único, mimado, que fazia de tudo para chamar a atenção e testar os limites. Eduardo era um garoto precoce que se destacou cedo por seu talento na escrita. Na escola era péssimo aluno, questionador e rebelde que acabou se formando aos trancos e barrancos. Quando Eduardo decide se tornar um escritor, seu pai o apresenta a Toledo, um amigo seu que era escritor e acaba virando o seu ídolo. Toledo ajuda-o fornecendo-lhe livros dos grandes escritores. Eduardo inscreveu-se em uma maratona intelectual e venceu em segundo lugar, foi para o Rio de Janeiro e lá ficou até gastar todo o dinheiro, não tendo mais recursos inscreveu-se em um concurso de contos, ganhando um dinheiro. Ele levava a vida assim, sempre achando que na última hora alguma solução se apresentaria para seus problemas, mas é lógico que a vida mostrou-lhe o contrário. O suicídio de um amigo seu, Jadir abalou-o muito.
Quando termina o colégio despede-se de seus amigos, Mauro e Eugênio marcando um encontro para dali a quinze anos. Apesar de todas as tentativas, Eduardo não consegue escrever o tão sonhado romance e vai levando uma vida de boemia, regrada a bebida e mulheres. Começa a trabalhar para um jornal, ganhando assim algum dinheiro. Quando conhece Antonieta, uma pessoa totalmente diferente dele se apaixona e acaba casando-se, mas na sua cabeça sua vida não havia mudado e continua vivendo na farra, deixando Antonieta sempre sozinha. Antonieta é uma mulher centrada que procura o equilíbrio no casamento, tentando ajudar Eduardo, que apesar de tudo tem um temperamento depressivo. Até que um dia, Antonieta desiste e resolve cuidar da própria vida, deixando-o. Somente quando foi ao encontro marcado com seus amigos e estes não apareceram, é que Eduardo percebe o vazio de sua vida e começa a procurar sua identidade. Este romance relata toda a angústia, insatisfação e inquietação do ser humano.








quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Tecnologia e Exclusão Social














É impressionante como a tecnologia e o navegar na internet conseguem despertar a atenção e o interesse das crianças não importando sua condição social, seu conhecimento prévio ou seu estímulo. A prova disso está nesta experiencia realizada na Índia o qual um computador foi encaixado num muro que divide uma favela e a companhia a NIIT. (http://educaja.com.br/2010/11/buraco-no-muro.html/)


Tecnologia e Exclusão Social 
Por:  Professora Daniela Gissoni

Hoje, a Internet é utilizada com a finalidade também, de pesquisa e produção, e é neste sentido que essa ferramenta deve ser vista e utilizada como um instrumento de autoria com possibilidades de criação dessas produções pelos seus autores. “Entre várias transformações tecnológicas, o computador foi o mais comprado nas últimas décadas. Ele evolui a cada dia trazendo facilidades para adquirir informações em locais diferentes” (Paloma e Caíque da 7E)
Mas quem são os “autores”? Quem tem acesso a essa tecnologia?
Os alunos da EMEF Prof. Marili Dias sabem muito bem responder a essas perguntas. Em discussões durante as aulas refletiram sobre a questão da tecnologia e o problema da exclusão social. Durante as reflexões surgiram questionamentos bem interessantes como: “Agora o mundo tem muita tecnologia, mas não é acessível a todos” (Kennedy da 7E). “Entendemos que a tecnologia é para todos, mas poucos têm acesso a ela” (Fabrício, José e Igor da 6D). “A tecnologia está ficando muito avançada e nem todas as pessoas podem acompanhar por falta de dinheiro” (Emilly, Larissa e Iasmim da 6D)
Com o mesmo pensar sobre a inserção da tecnologia no mundo, na vida das pessoas, os alunos discutem relações, que essa mesma ferramenta se dispõe ao auxílio de tarefas, até mesmo simples, em seu cotidiano. É o que dizem os alunos da 8B (José Victor, Sabrina e Gabriela): “A tecnologia é boa, de uma certa forma, mas se for usada de uma maneira correta. Em nosso país as tecnologias não estão sendo “distribuídas” com igualdade, pois muitas pessoas não têm acesso, são excluídas por não terem como fazer uso delas”
Os problemas sociais que hoje afetam a maioria das sociedades globais poderiam ser minimizados com políticas públicas que, entre outros investimentos, viabilizam a socialização das informações, o investimento maciço no setor educacional público como forma de ascensão as possibilidades de articulações que são oferecidos pelos meios tecnológicos de informação e comunicação. Pois como afirmam as alunas Larissa, Ana Beatriz e Débora da 8C, “as faltas de acesso na sociedade incluem a baixa taxa de escolaridade, falta de telecomunicações em diversos locais, falta de “conteúdo”
adequado – o Inglês – já que é o idioma oficial da Web. Essa exclusão gera um desequilíbrio na sociedade.”
É o que relatam, também, os alunos da 8C (Bárbara, Emanoela e Ana Caroline) quando afirmam que “saber mexer em um computador hoje é mais do que importante. Como o mundo todo está interligado, o computador é a ferramenta mais usada”.
E você? O que pensa?

domingo, 12 de agosto de 2012

HISTÓRIAS QUE SÓ ACONTECEM EM NOITES DE LUA CHEIA...

Mês de agosto é o mês da supertição. Mais histórias dos alunos da 2ª série B-turma 2010-Professora Suse Mendes, para gente curtir!


TESTE SEU GRAU DE SUPERTIÇÃO: http://sitededicas.ne10.uol.com.br/quiz_cri_lendas_facil.htm

sábado, 4 de agosto de 2012

TEM SACI NA VILA PALMARES

Para comemorar o mês de folclore, vamos relembrar as histórias dos alunos da 2ª série B - 2010-EMEF professora Marili Dias, meus queridos e inesquecíveis alunos.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A vida intima de Laura - Clarice Lispector

Vou logo explicando o que quer dizer “Vida íntima”. É assim vida íntima quer dizer que a gente não deve contar a todos o que se passa na casa da gente. São coisas que não se diz a qualquer pessoa.
         Pois vou contar a vida íntima de Laura.
         Agora adivinhe quem é Laura.
         Dou-lhe um beijo na testa se você adivinhar. E duvido que você acerte! Dê três palpites.
 ...

terça-feira, 24 de julho de 2012

A estranha passageira - STANISLAW PONTE PRETA


– O senhor sabe? É a primeira vez que eu viajo de avião. Estou com zero hora de vôo – e riu nervosinha, coitada.
 Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-lhe bem. Lá se ia a oportunidade de ler o romance policial que eu comprara no aeroporto, para me distrair na viagem.
Suspirei e fiz o bacana respondendo que estava às suas ordens.
 Madama entrou no avião sobraçando um monte de embrulhos, que segurava desajeitadamente. Gorda como era, custou a se encaixar na poltrona e a arrumar todos aqueles pacotes. Depois não sabia como amarrar o cinto e eu tive que realizar essa operação em sua farta cintura.
 Afinal estava ali pronta para viajar. Os outros passageiros estavam já se divertindo às minhas custas, a zombar do meu embaraço ante as perguntas que aquela senhora nem fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas íntimas. A coisa foi ficando ridícula.
– Para que esse saquinho aqui? – foi a pergunta que fez, num tom de voz que parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.
 – É para a senhora usar em caso de necessidade – respondi baixinho.
 Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam
qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou:
– Uai... as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?
 Alguns passageiros riram, outros – por fineza – fingiram ignorar o lamentável
equívoco da incômoda passageira de primeira viagem. Mas ela era um azougue (embora com tantas carnes parecesse um açougue) e não parava de badalar. Olhava para trás,olhava para cima, mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca e empurrou o encosto com força, caindo para trás e esparramando embrulhos para todos os lados.
 O comandante já esquentara os motores e a aeronave estava parada, esperando
ordens para ganhar a pista de decolagem. Percebi que minha vizinha de banco apertava os olhos e lia qualquer coisa. Logo veio a pergunta:
– Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só para ela?
Expliquei que emergência não era ninguém, a porta é que era de emergência, isto
é, em caso de necessidade, saía-se por ela.

 Madama sossegou e os outros passageiros já estavam conformados com o término
do “show”. Mesmo os que mais se divertiam com ele resolveram abrir os jornais, revistas ou se acomodarem para tirar uma pestana durante a viagem.
 Foi quando madama deu o último vexame. Olhou pela janela (ela pedira para
ficar do lado da janela para ver a paisagem) e gritou:
 Puxa vida!!!
Todos olharam para ela, inclusive eu. Madama apontou para a janela e disse:
 Olha lá embaixo.
Eu olhei. E ela acrescentou: – Como nós estamos voando alto, moço. Olha só... o
pessoal lá embaixo até parece formiga.
Suspirei e lasquei:
 – Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou vôo.

Preta, Stanislaw Ponte. Garoto linha dura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

Postagem sugerida pela nossa seguidora Gleice Kelly Lisboa de Santana


domingo, 22 de julho de 2012

Ciranda de Pedra, Lygia Fagundes Telles

Postagem sugerida pela nossa seguidora Analini Alencar Dos Santos
Sinopse:
Ciranda de Pedra – o título se deve a uma ciranda de anões de pedra, de mãos dadas, no jardim de um palacete suntuoso “guardado” por dois ciprestes à entrada; esses elementos já vão definindo um dos ambientes em que se passa a história, narrada com perícia em terceira pessoa, mas com onisciência apenas em Virgínia, personagem principal; todos os ingredientes da ficção narrativa, enredo, ambiente, tempo e personagens se intricam inseparavelmente.

A narrativa está centrada num acontecimento familiar: o desmembramento da família de Virgínia, a protagonista. Devido à doença da mãe e a situação econômica precária da família, Virgínia é levada a deixar a casa onde mora passando então a viver com suas irmãs e com aquele que sempre lhe fora apresentado como pai. A partir desse momento, seus conflitos, medos e ansiedades são intensificados, pois é na nova casa que Virgínia se depara com a solidão e sofre suas piores angústias. Além disso, acontecimentos dramáticos como a morte de sua mãe e o suicídio de seu suposto padrasto - na verdade seu pai - faz surgir em Virgínia um sentimento de culpa, o que aumenta ainda mais seu drama.



TELLES,Lygia F. Ciranda de Pedra. 28ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. 204 páginas.

LEIAM E POSTEM SUA RESENHA!!!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Quem cortou o nó górdio? - Jô Soares

Um professor de História suíço veio ao Brasil para avaliar o nível do nosso ensino. Assim que chegou, pediu para ser levado a uma das melhores escolas públicas de nossa cidade.
Entrou na sala de aula que abrigava a turma mais preparada e dirigiu-se ao melhor aluno da classe:
- Quem cortou o nó górdio?
- Juro que não fui eu, moço. Nem ninguém aqui da sala. Pode ser alguém do colégio, mas colega meu não foi. Ponho a mão no fogo por eles.
Horrorizado, o suíço contou o ocorrido para a professora:
- Imagine a senhora que eu perguntei àquele jovem quem foi que cortou o nó górdio e ele me respondeu que não foi ele. Garantiu também que não foi nenhum menino que conheça.
A professora retrucou:
- Bom, se ele disse que não foi ele, o senhor pode acreditar. Esse rapaz, além de muito estudioso, é incapaz de uma mentira.
Assombrado, o professor suíço entrou no gabinete da diretora do colégio:
- Francamente, não sei o que se está passando. Perguntei ao melhor aluno da turma mais preparada quem tinha cortado o nó górdio; ele me assegurou que não foi ele nem nenhum dos seus amigos. Contei o episódio para a professora e ela corroborou a versão do aluno!
A diretora, indignada com o fato, adiantou:
- Meu caro senhor, se a professora confirmou, é porque é verdade. Ela conhece muito bem os seus alunos e é uma pessoa da maior idoneidade. Há anos que trabalha no nosso estabelecimento. O jovem em questão tem muito caráter. Se tivesse sido ele, confessaria na hora. Se fosse o Juquinha, um ruivinho sardento, eu nem diria nada, porque ele é muito mentiroso.
Pasmo, o professor de História suíço deixou o educandário e foi procurar o político que o havia convidado para vir ao Brasil. Depois de ouvir atentamente o relato do estrangeiro, ele explicou:
- Meu querido professor, o senhor não está na Suíça. Aqui, o nível de ignorância e despreparo ainda é muito grande. Nós temos de começar tudo praticamente do zero. Está vendo as dificuldades que enfrentamos? Mas não quero que o senhor volte ao seu país levando uma má impressão. Se alguém cortou mesmo esse tal de nó górdio, e dá para consertar, diga logo de quanto foi o prejuízo eu pago do meu próprio bolso.
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GlossárioGÓRDIO - Rei da Frígia, antiga Ásia Menor.

NÓ GÓRDIO - Nó que é impossível de ser desatado.

CORTAR O NÓ GÓRDIO - Resolver uma grande dificuldade com rapidez e ou violência.

(Segundo a lenda, o nó górdio prendia o timão ao jugo da carreta do rei Górdio, da Frígia e quem o desatasse seria o senhor da Ásia. Alexandre Magno, diante do nó, por volta de 330 A.C., cortou-o com sua espada e invadiu a Ásia.)
(Jô Soares, Revista Veja)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor Português

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor Português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar Panfletos.
Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.
Posteriormente, partiu para Pirapora.
Pernoitando, prosseguiu para
Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres.
Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas,porém posteriormente pintou pratos para poder pagar
promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris,
passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los.
Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se, principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profunda privação passou Pedro Paulo.
Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir
prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo ...
- Preciso partir para Portugal por que pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses.
Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.
- Parto, porém penso pintá-la permanentemente,  pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou  pelos pais, porém Papai Procópio partira para Província.
Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas.
Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu:
- Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia.
Porque pintas porcarias? - Papai, - proferiu Pedro Paulo - pinto porque permitistes, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeito: pedreiro!
Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaus, piabas, piaparas, pirarucus.
Partiram pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo.
Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos.
Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas.
Pobre Pedro Paulo pereceu pintando... Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar.  Pensei. Portanto, pronto: Pararei!
(autoria desconhecida)

terça-feira, 10 de julho de 2012

Natal na barca- Lygia Fagundes Telles

Natal na barca (1958)

Fantasia e realidade se encontraram no conto, tem como tema a força da fé, a existência de milagres, a vida e a morte.
A história narra a história de uma mulher e começa em primeira pessoa. Os fatos narrados aconteceram no Natal, durante uma viagem de barca. O cenário é lúgubre como o espírito da narradora-personagem: “em redor tudo era silêncio e treva” a embarcação era “desconfortável, tosca”, “despojada” e “sem artifícios”; a grade da barca era de “madeira carcomida”; o chão era feito de “tábuas gastas”
A barca tem quatro passageiros: a narradora, um velho bêbado e uma mulher com o filho doente, uma criança de quase um ano de idade.
Nota-se uma certa melancolia, talvez uma falta de esperança.
Chamou-me a atenção as oposições, os contrastes que estão presentes ao longo do texto: A água do rio, “tão gelada”, mas “de manhã é quente”; as roupas da mulher, “pobres roupas puídas”, entretanto, “tinham muito caráter, eram dignas".
A narradora começou a falar com a mulher e surgiu a história. O motivo que leva a mulher a estar na barca é a urgência de levar o filho doente ao médico, conforme aconselhou o farmacêutico para que ela procurasse o especialista “hoje”. O filho doente está no colo da mãe quem contou as desgraças de sua vida. A fala continua até chegar ao destino, onde se apresenta a força da fé.

Apresentaram -se as tragédias pelas quais a mulher passou: a morte do primeiro filho, o abandono pelo marido. Mas, também se conhece a fé que a mulher tem.
A mulher  sonha com Deus, ela sente a mão de Deus conduzindo-a. Deus deu à mulher o conforto que ela precisava. O componente emocional, da história é muito forte.

domingo, 8 de julho de 2012

Uma Vela para Dario - Dalton Trevisan

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque. Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca. Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado. A velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Um grupo o arrastou para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protestou o motorista: quem pagaria a corrida? Concordaram chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado á parede - não tinha os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata. Alguém informou da farmácia na outra rua. Não carregaram Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito pesado. Foi largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobriu o rosto, sem que fizesse um gesto para espantá-las. Ocupado o café próximo pelas pessoas que vieram apreciar o incidente e, agora, comendo e bebendo, gozavam as delicias da noite. Dario ficou torto como o deixaram, no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso. Um terceiro sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade. Registrou-se correria de mais de duzentos curiosos que, a essa hora, ocupavam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investiu a multidão. Várias pessoas tropeçaram no corpo de Dario, que foi pisoteado dezessete vezes. O guarda aproximou-se do cadáver e não pôde identificá-lo — os bolsos vazios. Restava a aliança de ouro na mão esquerda, que ele próprio quando vivo - só podia destacar umedecida com sabonete. Ficou decidido que o caso era com o rabecão. A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto. Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos. Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó, e o dedo sem a aliança. A vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
Texto extraído do livro "Vinte Contos Menores", Editora Record – Rio de Janeiro, 1979, pág. 20. Este texto faz parte dos 100 melhores contos brasileiros do século, seleção de Ítalo Moriconi para a Editora Objetiva.