domingo, 25 de junho de 2017

Festa Junina 2017: relações alteritárias



Atualmente, qual o verdadeiro significado da festa junina, nas escolas?
Nos dias de hoje, esse cerimonial aponta, segundo penso, o antagonismo da inauguração do novo em oposição a preservação de velhos costumes. Quando vamos a  Festa Junina comemoramos a capacidade humana de conhecer, compreender, raciocinar, pensar e interpretar, provocando em nós, escolhas que  superam as mudanças ocorridas nas posturas dos indivíduos que vivem numa sociedade que coloca a impessoalidade como um elemento que caracteriza os relacionamentos nos diferentes grupos sociais, seja no campo ou na cidade.
Desse modo, observei e achei muito interessante perceber como muitos elementos no evento realizado na EMEF Professora Marili Dias, nos remete a esse antagonismo. Desde a alimentação “típica” como: doces, salgados e bebidas, destacando-se cereais (milho, arroz, amendoim) que são a base de maior parte das receitas juninas, foram acrescentados ao cardápio “hot dog”, pastéis, bolo recheado com cobertura de chantilly, churrasco no espetinho e bebidas como: refrigerante. 
brincadeiras tradicionais
Enquanto que às brincadeiras tradicionais, como: boca do palhaço, argola, pescaria, acrescentou-se a “sala dos monstros”, ideia do professor Ricardo da disciplina de matemática, abraçada com carinho e entusiasmo pelos colegas do Ensino Fundamental II e alunos
sala dos monstros
deste mesmo segmento; aos instrumentos ( sanfona, viola, tambores, triangulo, pandeiro, chocalho)  uma  sofisticada estrutura de som, operada pela professora Daniela e os professores Miro e Luís com grande destreza.

Juntando-se as danças tradicionais, como, as quadrilhas típicas, a coreografia cênica Lenda do Boi Bumba , tivemos a apresentação em Libras do Projeto da professora Aldimaria com a música “Asa Branca”, mostrando não só novos hábitos, mas também o papel da escola inclusiva e democrática.
Professora Aldimaria (turma do Projeto Libras)
  Por meio destes diferentes elementos foi promovido mais um encontro de nossa comunidade que comemora a alegria de seus filhos e filhas que crescem e amadurecem dentro da nossa escola.
Neste meu singelo e sincero relato, quero dizer que uma das coisas que mais me impressionaram nesta festa como colaboradora e observadora, foi perceber a capacidade de nos organizar coletivamente, inspirados com a partilha de experiências de cada um, com grande comprometimento do grupo. Neste evento, criamos, questionamos, acordamos e nos divertimos, produzindo práticas diferenciadas na construção da nossa festa e dos nossos saberes! O Arraiá do Marili Dias realizado em 2017, teve como marca uma relação alteritária, que amadurece a cada dia, transformando-nos em uma verdadeira equipe. Assim sendo, a preparação da festa e a realização dela foi mais  um encontro importante entre educadores, educadoras, educandos e comunidade em processo de libertação, onde a produção coletiva foi maior que o simples somatório das contribuições individuais. Parabéns à todos, educadores, educandos e comunidade!
Professora Susete Mendes

quinta-feira, 15 de junho de 2017

LEITURAÇO 2017 - Na minha opinião...Susete Mendes

Rafaela (aluna 7º ano C)
Pra começar...
Eu não gosto de contos de fadas, mas já gostei um dia. Até sete anos eu sonhava em ser princesa, acho que na sociedade em que vivemos, podemos achar isto até “natural” o sonho das meninas é tornarem-se princesas. Aprendi ler com 6 anos e ganhei uma coleção com as histórias de princesas (Cinderela, Branca de Neve, A Bela Adormecida, etc), e quando chegava da escola, corria para o quarto ler e reler as histórias e sonhar com uma vida de princesa.
Porém na medida que fui crescendo percebi que não existem “princesas” e muito menos príncipes valentes montados em cavalos brancos; tive que estudar, trabalhar e lutar pelas coisas que sonhei e sonho para mim. Embora não tenha sido uma adolescente “feia”, não era linda o suficiente para ser uma “princesa”, pois princesas tem voz delicada, cabelos e corpo, perfeitos... Mas, o que é perfeição?
Que tipo de pessoas “devemos” ser?
Esta é a questão que me inquietou e acredito que deva inquietá-los também, pois, vivemos numa sociedade que durante séculos teve como “missão” moldar as pessoas dentro dos estereótipos de gênero (feminino, masculino), belo e perfeito e as pessoas acabaram sendo privadas do direito de serem felizes pelo que são.
Resolvi escrever sobre isso, porque, hoje na escola em que trabalho, tivemos um momento de grande magnitude; aconteceu o LEITURAÇO, um movimento que vem acontecendo dentro das escolas da prefeitura de São Paulo, o qual valoriza o livro e a leitura como importantes estratégias para novas formas de participação e engajamento na transformação da sociedade globalizante.
Desse modo, hoje, nossos alunos apresentaram suas leituras preferidas e escolhidas, descobriram por meio delas heróis e heroínas da vida real. O LEITURAÇO com a temática “Direitos Humanos”, mobilizou, construiu conceitos e desconstruiu pré conceitos.






A aluna Rafaela do 7º ano C, apresentou o livro sobre Frida Kahlo, texto de  Nádia Fink.
Caracterizada como Frida, ela falou sucintamente sobre a vida da pintora,   sua família, o gosto de Frida por homens e mulheres , sobre a saúde da pintora e um  pouco da cultura mexicana.
 Os alunos encantados ouviram a história de uma mulher que apesar de todos os seus sofrimentos físicos, procurou na arte a felicidade e lutou por um mundo melhor para ela e para outras pessoas.
Thaynara e Geovanna (alunas 5º ano C)


Outros livros foram lidos e apresentados, como o da minha turma 5º ano C sobre uma menina refugiada , chamado “Um outro país para AZZI",  texto  e ilustração  de Sarah Garland,que aborda o direito das crianças. Um livro que emocionou meus  alunos ao conhecerem a história de uma criança e sua família que deixam para trás sua      casa,  trabalho, cultura e enfrentam o recomeço em outro país desconhecido, tendo que      fazer novos amigos e ainda aprender outro idioma, etc.


O LEITURAÇO corrobora e  mobiliza novos paradigmas sobre cultura, por meio das literaturas, sensibiliza a produção de novos sentidos de cultura, rompendo um pensamento permeado de pre conceitos, abrindo caminhos para a reflexão crítica dos problemas sociais e resgata a função social da literatura, assim como o hábito de ler dentro da escola e fora dela.

Neste sentido, enalteço o evento acontecido dentro da EMEF Professora Marili Dias, mediado pela POSL Mariza, pois as estratégias das expressões artísticas dos nossos alunos, surpreendeu a todos expressando o desejo de romper com  a provocação das literaturas hegemônicas que fortalecem uma sociedade estereotipada com imagens negativas da mulher, do negro, do pobre, estereótipos provenientes dos quadros econômicos e culturais globalizados. Parabéns, a todos!!!!
Professora Susete Mendes

quinta-feira, 20 de abril de 2017

"Saudades de mim" Suse Mendes



Saudades de mim
Saudade dos meus sonhos,
dos planos brilhantes e
do entusiasmo de dentro de mim.

Me faz falta minhas emoções
As lágrimas misturadas ao riso,
Pessoas, lugares, coisas
lindas e vibrantes canções.


Sinto falta de instantes
alguns que vivi
e outros que nunca vi
tremedeira, coração palpitante

Como foi que não percebi
Onde eu estava?
Que não vi o tempo passar
que agora não consigo resgatar

Que saudades, das coisas que não fiz
Das pessoas que não abracei
Das promessas que não cumpri
Das possibilidades de ser e fazer feliz

Quantas vezes, pensei em mudar
Senti medo de não conseguir
Agora, sinto uma saudade imensa
da coragem de tentar.

Dissimular - Suse Mendes


sexta-feira, 31 de março de 2017

A VIDA COMEÇA AOS 50!

Claro que a vida começa com a concepção. Mas para quem chegou aos 50, a vida começa aos 50. Veja por quê.
A preocupação com o futuro começa a perder força, quando você chegou nele, aí descobre que não faz tanto sentido manter esse sentimento. O futuro tal como o avanço da idade são inexoráveis, o melhor é concentrar-se nas cercanias de seu presente.
Com certa idade, nossos olhares percebem belezas nas pequenas coisas. Numa bola que cruza a rua, atrás dela corre um menino sem camisa, com aquela expressão genuína de felicidade, como se a coisa mais importante da sua vida estivesse ali em sua frente. Também entendemos que a vida é carregada de contradições, a miséria humana está em todos os lugares, o cinismo, as falsas aparências, tudo já faz parte de nosso arquivo. Temos a leveza para fazer releituras das mesmas cenas, já nos livramos de alguns preconceitos, estamos mais tolerantes. Por isso, a verdadeira vida começa aos 50, a carga é mais leve, as cobranças são menores. Sabemos que é preciso dar um passo de cada vez.
Se tivemos uma paixão, agora amamos, e o amor é sereno, não tem a volúpia das paixões que atormentam o espírito. Mas isso não quer dizer que estamos imunes. Ainda bem. Somos projetos em construção, eternamente inacabados, portanto, volúveis, abertos a releituras do mundo. Dado ao número de outonos, temos o privilégio de poder mirar os cenários em perspectiva. Cada circunstância em que nos vemos envolvidos sempre apresenta algum aspecto que parece que já tivemos vivido. Isso nos dá aquela sabedoria em seguir adiante, não que tenhamos as respostas, mesmo porque as perguntas são sempre outras, mas a serenidade em saber que tudo depende da forma como reagimos aos conflitos do cotidiano.


Artigo não protegido por direitos autorais. Pode citá-lo em parte ou no todo, basta indicar o autor e o e-mail: Charles Ferreira dos Santos:  charlesfs@hotmail.com.