sábado, 17 de março de 2012

A Noite Escura e Mais Eu - Lygia Fagundes Telles


Título: A Noite Escura e Mais Eu

Autor: Lygia Fagundes Telles

Páginas: 108

Editora: Companhia das Letras

Assunto: Literatura, contos







O livro cujo título foi inspirado num poema de Cecília Meireles, é composto por nove contos:

1.Dolly
2.Você não acha que esfriou?
3.O crachá nos dentes
4.Boa noite, Maria
5.O segredo
6.Papoulas em feltro negro
7.A rosa verde
8.Uma branca sombra pálida
9.Anão de jardim


Todos são contados em primeira pessoa e destes nove contos, sete são contados pelo ponto de vista de mulheres das mais diversas idades. Já “O crachá nos dentes” é contado pelo ponto de vista de um cachorro e “Anão de jardim”, pelo ponto de vista de um, bem, anão de jardim.

O que mais me encantou em todos os contos é que nenhum deles a principal preocupação é contar uma história, neles o importante é ressaltar como a personagem se sente naquele momento de solidão, desamparo, medo.

Outro ponto fantástico dos contos é a forma como os pensamentos se desenrolam, me identifiquei totalmente como pode-se chegar de um ponto a outro aparentemente sem ligação, mas que na linha de pensamento faz todo o sentido.

E ao ler, no fim do livro, uma análise feita por Fábio Lucas é que me dei conta de um aspecto muito interessante também dos contos.

Assim como a narrativa não é o objetivo do conto, ter finais felizes também não é.
Não importa nem se busca que a personagem tenha uma inspiração ao término da história e se sinta melhor com aquela situação, nem que escape de um destino que parecia certo.

Importa sim, os sentimentos delas naquele recorte temporal, sejam meninas, jovens, idosas. Um livro de contos para se ler, reler, pensar, degustar.

 “O noivo da Matilde disse que três motivos podiam provocar um crime assim, ela esqueceu o terceiro mas não tem terceiro, o motivo é um só, a crueldade a crueldade a crueldade.” (página 25)

“Era alto demais o preço para escamotear a velhice, neutralizar essa velhice – até quando? Por favor, quero apenas assumir minha idade, posso?” (página 46)

“Entraram pela fresta, bisbilhotaram o avesso da pedra e depois saíram obedecendo a mesma formação, além de disciplinada a formiga é curiosa e essa curiosidade é que a faz eterna.” (página 105)

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