• Quando morre uma pessoa, deve-se
abrir todas as portas para a alma sair. Fecham-se porém os fundos da casa. A
alma deve sair pela frente. A casa não deve ser fechada antes de sete dias pois
o fel (as vísceras) do defunto só se arrebentará nesse prazo. Então a alma vai
para o seu lugar. A novena de defunto é para a alma ir para onde foi destinada.
• Não se deve chorar a morte de um
anjinho, pois as lágrimas molharão as suas asas e ele não alcançará o
céu.
• Quando numa procissão, o pálio
para defronte de alguma porta de uma casa, é presságio de morte de alguma pessoa
dessa casa, porque o pálio para sempre defronte às janelas.
• Homem velho que muda de casa,
morre logo.
• Quando a pessoa tem um tremor, é
porque a morte passou por perto dela. Deve-se bater na pessoa que está próxima e
dizer: sai morte, que estou bem forte.
• Acender os cigarros de três
pessoas com um fósforo só, provoca a morte da terceira pessoa.
Outra versão:
morrerá a mais moça dos três fumantes.
• Derrubar tinta é prenúncio de
morte.
• Quando várias pessoas estão
conversando e param repentinamente, é que algum padre morreu.
• Perder pedra de anel é prenúncio
de morte de pessoa da família.
• Quando uma pessoa vai para a mesa
de operação, não deve levar nenhum objeto de ouro, pois se tal acontecer, morre
na certa.
• Não presta tirar fotografia,
sendo três pessoas, pois morre a que está no centro.
• Doente que troca de cama, morrerá
na certa.
Outra versão: não morrerá.
• Não se deve deitar no chão limpo,
pois isso chama a morte para uma pessoa da família.
• Quando pessoas vão caçar ou
pescar, nunca devem ir em número de três, pois uma será picada por cobra e
morrerá na certa.
• Quem come o último bocado morre
solteiro.
• Se acontece de se ouvir barulho à
noite, em casa, é que a morte está se aproximando.
• Quando morre uma pessoa idosa,
morre logo um anjo seu parente (criança) para levar aquela para o
céu.
• Defunto que está com braços
duros, amolece-os se pedir que assim faça.
• Defunto que fica com o corpo mole
é indício de que um seu parente o segue na morte.
• Quando o defunto fica com os
olhos abertos é porque logo outro da família o seguirá.
• Não se deve beijar os pés de
defunto, pois logo se irá atrás dele, morrendo também.
• Na hora da morte, fazer o
agonizante segurar uma vela para alumiar o caminho que vai seguir.
• Em mortalha, a linha não deve ter
nó.
• Água benta ou alcânfora temperada
na pinga joga-se com um galho de alecrim, sobre o defunto.
• Quando uma pessoa jogar terra
sobre o defunto na cova, deve pedir ao mesmo que lhe arranje um bom lugar no
além. Se ele for para um bom lugar, arranjará; se para um mau quem pede está
azarado. Bom é pedir lugar para o cadáver de um anjinho, pois este sempre vai
para um bom lugar.
• Não se deve trazer terra do
cemitério quando se volta de um enterro, pois ela traz a morte para a
casa.
• A pessoa que apaga as velas após
a saída do enterro morrerá logo. É bom colocar perto do caixão do defunto um
copo d’água benta.
• Não presta ver muitos enterros,
pois com isso se chama a morte para si.
• Quando passa um enterro, não se
deve atravessar o acompanhamento, pois isso traz a morte para pessoas da
família. Bom é acompanhar o enterro.
• Não presta acender só três velas
para defunto; deve-se acender quatro.
(Araújo, Alceu Maynard.
Folclore nacional, São Paulo, Edições Melhoramentos. v. 1)