domingo, 13 de março de 2016

E AGORA JOSÉ? Carlos Drummond de Andrade




A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio  e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

segunda-feira, 7 de março de 2016

Poema de sete faces-Carlos Drummond de Andrade



Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do -bigode,
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
 
 De Alguma poesia (1930)



Carlos Drummond de Andrade , nascido em 31 de outubro de 1902, em Minas Gerais, numa cidade chamada Itabira, a qual permeou parte de sua obra. Herdou do Modernismo a liberdade linguística, o verso livre, o metro livre e as temáticas cotidianas. Affonso Romano de Sant'ana costuma estabelecer a poesia de Carlos Drummond a partir da dialética "eu x mundo", desdobrando-se em três atitudes:
Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica
Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social
Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A BRUXA ONILDA -Enric Larreula, Roser Capdevila



Coleção: Bruxa Onilda
Enric Larreula, Roser Capdevila
Segmento: Literatura infantil
Editora Scipione
Enric Larreula, Roser Capdevila
Faixa etária: 6 a 7 anos
Temas: amor, amizade ,cooperação,  etc.
Esta coleção é maravilhosa, uma ilustração perfeita, com narrativas pra lá de divertidas e inspiradoras. Recomendo à todas as crianças.





domingo, 24 de janeiro de 2016

FELIZ ANIVERSÁRIO, CLUBE DA LEITURA!!!!




                                                                                                                                     
Dia 21 de janeiro de 2016 fez cinco anos que postei a minha primeira postagem. Estou aprendendo muito... cada texto, que leio e compartilho, cada livro sugerido é um aprendizado a mais. Nestes cinco anos aprendi muito no Clube da Leitura e muitos leitores, deram sugestões e curtiram contos, crônicas, artigos, poesias e diversos gêneros e tipos textuais, isto porque neste espaço, a leitura é nosso foco e agradar nossos leitores nossa meta, sendo assim é uma espaço de gostos diversificados. Estou muito feliz por ter conhecido pessoas lindas e iluminadas, talentosas, criativas e sonhadoras como vocês. Agradeço a todos que passam por aqui e deixam seus comentários fico muito feliz com a presença de cada um. Obrigado!



quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A Mulher do Viajante no Tempo - Audrey Niffenegger


Este best-seller ganhou as telas do cinema, com "Te amarei para sempre". A Mulher do Viajante do Tempo conta a história do casal Henry e Clare. Quando os dois se conhecem Henry tem 28 anos e Clare, vinte. Ele é um moderno bibliotecário; ela, uma linda estudante de arte. Os dois se apaixonam, se casam e passam a perseguir os objetivos comuns à maioria dos casais: filhos, bons amigos, um trabalho gratificante. Mas o seu casamento nunca poderá ser normal. Henry sofre de um distúrbio genético raro e de tempos em tempos, seu relógio biológico dá uma guinada para frente ou para trás, e ele então é capaz de viajar no tempo, levado a momentos emocionalmente importantes de sua vida tanto no passado quanto no futuro.