Todas as
manhãs o rei acordava e tomava café da manhã em sua varanda.
A partir
de certa ocasião, o rei passou a perceber a presença de um belo e colorido
pássaro que parecia esperá-lo, todas as manhãs, para começar o seu canto magistral.
Numa das
manhãs, o rei decidiu perguntar ao pássaro se ele desejava possuir uma
gaiola. O rei lhe disse que seria uma gaiola enorme e feita de ouro; e que
ele ordenaria para que todos os dias ela fosse totalmente limpa, tivesse a
água e os alimentos trocados e que, se houvesse sol excessivo, que ela fosse
coberta.
O rei
ainda ressaltou ao pássaro que, com a gaiola, ele nunca mais teria que buscar
seus alimentos ou defender-se das aves maiores, pois ali estaria totalmente
protegido e seguro. Além disso, muitas pessoas passariam diariamente pela
gaiola e poderiam apreciar o colorido de suas penas e a beleza do seu canto.
O
pássaro ficava claramente entusiasmado à medida que o rei descrevia como a
vida seria melhor com a gaiola que estava sendo imaginada. Num determinado
instante, porém, o rei percebeu que o pássaro virou sua cabeça em direção a
uma outra ave, que se encontrava no galho de uma árvore próxima e parecia ter
acompanhado toda a conversa, quando o pássaro disse:
¾ “Mamãe, o que a senhora acha? Aceito a proposta do
rei?”.
A outra
ave sorriu e balançou a cabeça, como que concordando com o que ouvira.
Imediatamente,
o pássaro aceitou a proposta do rei e, em dois dias, uma grande gaiola já
estava construída, onde o pássaro passou a habitar.
Tudo
estava maravilhoso, exatamente como o rei havia descrito!
Passados
alguns meses, entretanto, o pássaro passou a ficar ansioso. Na verdade não
queria mais ficar ali, limitado àquelas grades. Tinha comida e água a
vontade, bem como o carinho dos funcionários, dos visitantes e, em especial,
do simpático e afetuoso rei. Porém, decididamente não se encontrava
satisfeito e estava aos poucos perdendo a disposição e a alegria de viver,
que antes possuía. Em pouco tempo deixou de cantar e já não se alimentava
direito.
Passou
então a pensar em sair dali de alguma maneira. Ele poderia falar com o rei,
mas ficou receoso de que ele se entristecesse e não o permitisse sair.
Imaginou contar para sua mãe, que habitualmente pousava em uma árvore
próxima, mas ficou com medo da reação dela, que parecia sentir-se orgulhosa
pelas benesses que seu filho
recebia na gaiola. Naquela noite, o
pássaro ficou muito triste e deprimido. Lágrimas caíam de seus olhinhos e ele
caminhava de um lado para o outro da gaiola, mostrando-se inconsolável.
Quando o
dia amanheceu, ele estava muito cansado, verdadeiramente esgotado pela terrível
noite por que passara. Encostou-se então no canto da gaiola, quando percebeu
que algo se moveu atrás dele.
Olhou
então para trás e notou que a porta da gaiola estava aberta. Observando-a
melhor, logo se deu conta de que nunca houve trava alguma que a impedisse de
ser aberta. A sua liberdade, portanto, sempre esteve ali, dependendo
somente... Dele mesmo!
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