|
Rafaela (aluna 7º ano C) |
Pra começar...
Eu não gosto de
contos de fadas, mas já gostei um dia. Até sete anos eu sonhava em ser
princesa, acho que na sociedade em que vivemos, podemos achar isto até
“natural” o sonho das meninas é tornarem-se princesas. Aprendi ler com 6 anos e
ganhei uma coleção com as histórias de princesas (Cinderela, Branca
de Neve, A Bela Adormecida, etc), e quando chegava da escola, corria para o
quarto ler e reler as histórias e sonhar com uma vida de princesa.
Porém na medida que
fui crescendo percebi que não existem “princesas” e muito menos príncipes
valentes montados em cavalos brancos; tive que estudar, trabalhar e lutar pelas
coisas que sonhei e sonho para mim. Embora não tenha sido uma adolescente
“feia”, não era linda o suficiente para ser uma “princesa”, pois princesas tem
voz delicada, cabelos e corpo, perfeitos... Mas, o que é perfeição?
Que tipo de pessoas
“devemos” ser?
Esta é a questão
que me inquietou e acredito que deva inquietá-los também, pois, vivemos numa
sociedade que durante séculos teve como “missão” moldar as pessoas dentro dos
estereótipos de gênero (feminino, masculino), belo e perfeito e as pessoas
acabaram sendo privadas do direito de serem felizes pelo que são.
Resolvi escrever
sobre isso, porque, hoje na escola em que trabalho, tivemos um momento de
grande magnitude; aconteceu o LEITURAÇO, um movimento que vem acontecendo
dentro das escolas da prefeitura de São Paulo, o qual valoriza o livro e a
leitura como importantes estratégias para novas
formas de participação e engajamento na transformação da sociedade globalizante.
Desse modo, hoje,
nossos alunos apresentaram suas leituras preferidas e escolhidas, descobriram
por meio delas heróis e heroínas da vida real. O LEITURAÇO com a temática
“Direitos Humanos”, mobilizou, construiu conceitos e desconstruiu pré conceitos.
A aluna Rafaela do 7º ano C, apresentou o
livro sobre Frida Kahlo, texto de Nádia Fink.
Caracterizada como Frida, ela
falou sucintamente sobre a vida da pintora, sua família, o gosto de Frida por homens e
mulheres , sobre a saúde da pintora e um pouco da cultura mexicana.
Os
alunos encantados ouviram a história de uma mulher que apesar de todos os seus
sofrimentos físicos, procurou na arte a felicidade e lutou por um mundo melhor
para ela e para outras pessoas.
|
Thaynara e Geovanna (alunas 5º ano C) |
Outros livros foram lidos e apresentados,
como o da minha turma 5º ano C sobre uma menina refugiada , chamado “Um outro
país para AZZI", texto e ilustração de Sarah Garland,que
aborda o direito das crianças. Um livro que emocionou meus alunos ao conhecerem a história de uma criança
e sua família que deixam para trás sua
casa, trabalho, cultura e enfrentam o recomeço em
outro país desconhecido, tendo que fazer novos amigos e ainda aprender outro idioma,
etc.
O LEITURAÇO corrobora e mobiliza novos paradigmas sobre cultura, por
meio das literaturas, sensibiliza a produção de novos sentidos de cultura,
rompendo um pensamento permeado de pre conceitos, abrindo caminhos para a
reflexão crítica dos problemas sociais e resgata a função social da literatura, assim como o hábito de ler dentro da escola e fora dela.
Neste sentido, enalteço o evento
acontecido dentro da EMEF Professora Marili Dias, mediado pela POSL Mariza,
pois as estratégias das expressões artísticas dos nossos alunos, surpreendeu a
todos expressando o desejo de romper com a provocação das literaturas hegemônicas que
fortalecem uma sociedade estereotipada com imagens negativas da mulher, do
negro, do pobre, estereótipos provenientes dos quadros econômicos e culturais
globalizados. Parabéns, a todos!!!!
Professora Susete Mendes