domingo, 8 de junho de 2014

A PEQUENA ANETTE - Versão camponesa da história da Cinderela


Conto sobre camponeses na Idade Média


A ascensão social dos servos durante a Idade Média somente acontecia nos contos, como na história da cinderela camponesa

Por Leandro Carvalho

Durante a Idade Média europeia, a população camponesa foi submetida à servidão, forma de trabalho na qual os servos (camponeses) não tinham liberdade, estavam presos às terras de seu senhor e deviam a ele uma série de obrigações. Portanto, a população camponesa estava submetida à exploração dos nobres, além disso, os impostos eram pagos pelos camponeses, ficando os nobres isentos dessas tributações.

Na maioria dos contos camponeses da Idade Média, o principal objeto de desejo era a comida. Quais eram os motivos do desejo camponês pela comida? Seria a precária alimentação dos camponeses? Sim, pois a grande parte da produção agrícola realizada pelos servos era repassada para o nobre (senhor feudal) proprietário de terras.

Há uma versão camponesa da história da Cinderela que ficou conhecida como A Pequena Anette. Nessa história, a jovem Anette, órfã, vivia juntamente com a madrasta e suas filhas. Anette alimentava-se com um pedaço de pão por dia dado por sua madrasta. A menina ficou magrinha pela má alimentação. Já as filhas da madrasta se alimentavam por dia com carne de carneiro e muitos outros deliciosos alimentos, enquanto a garota órfã trabalhava no campo e ainda lavava as vasilhas sujas das refeições que não fazia.

Num belo dia, a situação da menina órfã mudou, a pequena Anette recebeu da Virgem Maria uma varinha mágica que produzia um enorme banquete quando tocada em uma ovelha negra. Rapidamente, Anette foi ficando gorducha, de acordo com o seu desejo, pois a pequena jovem estava aderindo aos padrões de beleza da Idade Média (nesse período, o padrão de beleza feminino era a mulher com peso avantajado).

Com Anette engordando através da mágica, logo sua madrasta descobriu o segredo e mandou matar a ovelha negra. O fígado da ovelha foi oferecido à Anette, que o enterrou sem o conhecimento da madrasta.

A órfã, após ter enterrado o fígado, se surpreendeu, pois no local nasceu uma árvore enorme que ninguém conseguia pegar os frutos. Somente Anette se alimentava dos frutos daquela grande árvore, que abaixava os galhos para a menina alcançar as frutas.

Com o passar do tempo, um príncipe guloso fez a promessa de se casar com a pessoa que conseguisse colher os frutos. Como a árvore obedecia somente à Anette, a menina colheu os frutos para o príncipe, que se casou com a jovem e eles viveram felizes para sempre.

A camponesa órfã ascendeu à nobreza, ganhou regalias e ficou isenta do pagamento dos impostos. No entanto, essa ascensão social camponesa na Idade Média era praticamente inviável, somente possível nos contos.

 

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