BALADA DO
AMOR ATRAVÉS DAS IDADES
(Carlos Drummond de Andrade)
Eu te gosto, você me gosta
Depois (tempos mais amenos)
desde tempos imemoriais. fui cortesão de Versailles,
Eu era grego, você troiana, espirituoso e devasso.
troiana mas não Helena. Você cismou de ser freira...
Saí do cavalo de pau Pulei muro de convento
para matar seu irmão. mas complicações políticas
Matei, brigamos, morremos. nos levaram a guilhotina.
Virei soldado romano, Hoje sou moço moderno,
Perseguidor de cristãos. remo, pulo, danço, boxo,
Na porta da catacumba tenho dinheiro no banco.
Encontrei-te novamente. Você é uma loura notável,
Mas quando vi você nua boxa, dança, pula, rema.
Caída na areia do circo Seu pai é que não faz gosto.
E o leão que vinha vindo, Mas depois de mil peripécias,
Dei um pulo desesperado eu, herói da Paramount,
e o leão comeu nós dois. te abraço, beijo e casamos.
Depois fui pirata mouro Poesia e prosa.
Flagelo da Tripolitânia. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1988.
Toquei fogo na fragata
Onde você se escondia
Da fúria do meu bergantim.
Mas quando eu ia te pegar
E te fazer minha escrava,
Você fez o sinal-da-cruz
E rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.
desde tempos imemoriais. fui cortesão de Versailles,
Eu era grego, você troiana, espirituoso e devasso.
troiana mas não Helena. Você cismou de ser freira...
Saí do cavalo de pau Pulei muro de convento
para matar seu irmão. mas complicações políticas
Matei, brigamos, morremos. nos levaram a guilhotina.
Virei soldado romano, Hoje sou moço moderno,
Perseguidor de cristãos. remo, pulo, danço, boxo,
Na porta da catacumba tenho dinheiro no banco.
Encontrei-te novamente. Você é uma loura notável,
Mas quando vi você nua boxa, dança, pula, rema.
Caída na areia do circo Seu pai é que não faz gosto.
E o leão que vinha vindo, Mas depois de mil peripécias,
Dei um pulo desesperado eu, herói da Paramount,
e o leão comeu nós dois. te abraço, beijo e casamos.
Depois fui pirata mouro Poesia e prosa.
Flagelo da Tripolitânia. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1988.
Toquei fogo na fragata
Onde você se escondia
Da fúria do meu bergantim.
Mas quando eu ia te pegar
E te fazer minha escrava,
Você fez o sinal-da-cruz
E rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.
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