Claro que a vida começa com a
concepção. Mas para quem chegou aos 50, a vida começa aos 50. Veja por quê.
A
preocupação com o futuro começa a perder força, quando você chegou nele, aí
descobre que não faz tanto sentido manter esse sentimento. O futuro tal como o
avanço da idade são inexoráveis, o melhor é concentrar-se nas cercanias de seu
presente.
Com
certa idade, nossos olhares percebem belezas nas pequenas coisas. Numa bola que
cruza a rua, atrás dela corre um menino sem camisa, com aquela expressão
genuína de felicidade, como se a coisa mais importante da sua vida estivesse
ali em sua frente. Também entendemos que a vida é carregada de contradições, a
miséria humana está em todos os lugares, o cinismo, as falsas aparências, tudo
já faz parte de nosso arquivo. Temos a leveza para fazer releituras das mesmas
cenas, já nos livramos de alguns preconceitos, estamos mais tolerantes. Por
isso, a verdadeira vida começa aos 50, a carga é mais leve, as cobranças são
menores. Sabemos que é preciso dar um passo de cada vez.
Se
tivemos uma paixão, agora amamos, e o amor é sereno, não tem a volúpia das
paixões que atormentam o espírito. Mas isso não quer dizer que estamos imunes.
Ainda bem. Somos projetos em construção, eternamente inacabados, portanto,
volúveis, abertos a releituras do mundo. Dado ao número de outonos, temos o
privilégio de poder mirar os cenários em perspectiva. Cada circunstância em que
nos vemos envolvidos sempre apresenta algum aspecto que parece que já tivemos
vivido. Isso nos dá aquela sabedoria em seguir adiante, não que tenhamos as
respostas, mesmo porque as perguntas são sempre outras, mas a serenidade em
saber que tudo depende da forma como reagimos aos conflitos do cotidiano.
Artigo
não protegido por direitos autorais. Pode citá-lo em parte ou no todo, basta
indicar o autor e o e-mail: Charles Ferreira dos Santos: charlesfs@hotmail.com.
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