sexta-feira, 18 de maio de 2012

A MÃO E A LUVA - Machado de Assis

...Marcado o casamento para dois meses depois, todo o tempo de intervalo foi despendido pelos noivos naquele deleitoso viver, que já não é o colóquio furtivo do simples namoro, nem é ainda a intimidade conjugal, mas um estado intermédio e consentido, em que os corações podem entornar-se livremente um no outro. Aqueles não tinham nada do amor extático e romanesco de Estêvão, mas amavam sinceramente, ela ainda mais do que ele, e tão feliz um como outro.
A gente que os conhecia comentou de todos os modos e feitios aquele caso inesperado, e a mais de um roeu a inveja do favor com que o céu tratara a Luís Alves.

...O casamento fez-se, enfim. As lágrimas que a baronesa derramou, quando viu Guiomar ligada para sempre, foram as mais belas jóias que lhe podia dar. Nenhuma mãe as verteu mais sinceras; e, seja dito em honra de Guiomar, nenhuma filha as recebeu mais dentro do coração.

Na noite do casamento, quem olhasse para o lado do mar, veria pouco distante dos grupos de curiosos, atraídos pela festa de uma casa grande e rica, um vulto de homem sentado sobre uma lájea que acaso topara ali, Quem está afeito a ler romances, e leu esta narrativa desde o começo, supõe logo que esse homem podia ser Estêvão. Era ele.
A alma de Estêvão sentiu uma necessidade cruel e singular, o gosto de revolver o ferro na ferida, uma coisa a que chamaremos - voluptuosidade da dor, em falta de melhor denominação. E foi para ali, contemplar com os
indiferentes e ociosos aquela casa onde reinava o gozo e a vida, e naquela hora que lhe afundava o passado e o futuro de que vivera. Não o retinha a constância do estóico; pela face emagrecida e pálida lhe corriam as lágrimas derradeiras, e o coração, colhendo as forças que lhe restavam, batia-lhe forte na arca do peito.

Defronte dele refulgia de todas as suas luzes a mansão afortunada; detrás batia a onda lenta e melancólica, e via-se o fundo da enseada, escuro e triste. Esta disposição do lugar servia ao plano que ele concebera, e era nada menos do que matar-se ali mesmo, quando já não pudesse sofrer a dor, espécie de vingança última que queria tomar dos que o faziam padecer tanto, complicando-lhes a felicidade com um remorso.
Mas...

FICOU CURIOSO(A)? LEIA O LIVRO

7 comentários:

priscila cardoso disse...

mas... fiquei sim curiosa ...me empresta o livro ???

Analini Alencar Dos Santos disse...

Apesar de ser o meu escritor predileto, pois iniciei a leitura de romances com os livros de Machado, ainda não tive o prazer de ler esse, e já anotei a dica ^^, Obrigada Susete Mendes !

ro brito disse...

fiquei curiosa,também quero ler

JANE JÚLIA disse...

VC É 10 SUSE!!! PARABÉNS PELO SEU TRABALHO!! BJS

Joelma Marques disse...

Mas todo romantismo, gira em torno de um caso complicado e esse da jovem Guiomar não deixa de ser mais um , acredito eu

carlos kayquy roney eduardo 7 E disse...

parabens pelo seu trabalho muito interesante e legal

Elizabeth Pedagogia disse...

Olá Prof. Suse, a moça fez a escolha que realmente lhe coube como uma luva, mas será que vai ser sempre assim..., bjs